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O nome de uma pessoa pode influenciar a sua aparência

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 dia atrás em 31-03-2025

Imagem: depositphotos.com

Um estudo inovador sugere que o nome atribuído a uma pessoa ao nascer pode, com o tempo, influenciar a sua aparência facial.

Usando testes de perceção humana e métodos avançados de aprendizagem automática (machine learning), os investigadores descobriram que é possível associar rostos de adultos aos seus nomes com uma precisão superior ao que seria esperado apenas por acaso. De facto, o nome dado a uma pessoa pode estar a moldar a sua fisionomia.

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Curiosamente, o estudo revelou que este fenómeno não se verifica em crianças, indicando que a correspondência entre nome e traços faciais se desenvolve à medida que a pessoa envelhece, e não está presente logo ao nascimento. Este fenómeno, muitas vezes interpretado como uma “profecia autorrealizável”, ilustra como as expectativas sociais podem não só moldar o comportamento, mas também influenciar características físicas, como a aparência facial.

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A pesquisa tem implicações importantes para áreas como psicologia, sociologia e inteligência artificial, ao evidenciar de que forma o contexto social pode afetar a construção da identidade individual ao longo da vida.

A investigação foi liderada pela professora Ruth Mayo, da Universidade Hebraica, com a colaboração dos investigadores Yonat Zwebner, Moses Miller, Noa Grobgeld e o Prof. Jacob Goldenberg da Universidade Reichman. O estudo destaca o impacto profundo da estrutura social na formação da aparência física ao longo do tempo.

Entre as principais conclusões, destacam-se que tanto adultos quanto crianças foram capazes de associar rostos de adultos aos seus nomes com maior precisão do que o esperado ao acaso. No entanto, nenhum dos grupos conseguiu associar rostos de crianças aos respectivos nomes com a mesma precisão, pode ler-se no Leak.

Os algoritmos de machine learning conseguiram identificar maior semelhança facial entre adultos com o mesmo nome, quando comparados com aqueles que possuíam nomes diferentes. Esta semelhança com base no nome não foi observada entre as crianças.

Imagens de crianças envelhecidas artificialmente também não revelaram o mesmo padrão de correspondência entre nome e aparência facial observado em adultos reais.

Mayo explica que “os resultados sugerem que a ligação entre nome e rosto não é inata, mas sim algo que se desenvolve ao longo do tempo. É possível que, de forma inconsciente, as pessoas ajustem a sua aparência para se alinharem com as expectativas culturais associadas ao seu nome.”

Este fenómeno de adaptação gradual ao nome próprio exemplifica de forma marcante como os fatores sociais podem ter efeitos duradouros — e até físicos — na nossa identidade. Mesmo algo aparentemente aleatório, como o nome de uma pessoa, pode influenciar aspetos subtis, mas mensuráveis, da sua aparência facial.

A investigação levanta questões fascinantes sobre a formação da identidade e a influência das expectativas sociais ao longo da vida. Para os autores, este estudo é apenas o início de uma área com grande potencial de exploração.

A professora destaca, no entanto, que são necessários mais estudos para compreender totalmente os mecanismos que causam essa correspondência entre nome e rosto. Ela reconhece, contudo, que esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão de como a sociedade influencia as pessoas — até mesmo a aparência física.

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