Opinião
O Natal possível!
Chegaram os vigorosos frios, bons para secar o fumeiro, perfeitos para nos trancarmos em casa. A meteorologia chama-lha “nevoeiro, que poderá ser gelado”, pintaram-nos de laranja, alertados para o sincelo, água superficial que congela, ficamos assim.
A pensar nos povos em guerra, na miséria escondida, nesse “Natal Possível”, como o apodou o magistrado.
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Em casas frias, num país que não cuida dos seus. Só duas corporações interessam.
Soube-o nestas Festas sou um nem-nem. Nem pensionista, nem jovem, mas português e quase idoso. Não mereci palavras do Terreiro do Paço, eu e muitos como eu, que neste Portugal não sobram dificuldades, mas se não falarmos delas, com certeza que se afastam.
Como os três tiros da noite de sexta-feira, uma morte, dois feridos, nas portas de um centro comercial gigante e cheio.
Cito o Luís, “somos um dos países mais seguros do mundo, mas temos de salvaguardar esse ativo para não o perdermos”.
Não sei onde. Cá na Província, longe do mando e dos cavaleiros montados em potentes modos, não a vemos.
Falta-nos tudo, capital humano e circulante. E é isto que impõe um cordão de segurança.
É bom o tema, para contrabalançar com os extremistas que aí andam, mas da segurança, meu caro Luís, venha cá ver com os seus olhos.
Seguros e alapados.
O novo secretário-geral do Governo vai ganhar 15 mil euros brutos por mês. Hélder Rosalino, que foi administrador e agora é consultor do Banco de Portugal, vai secretariar tudo o que diz respeito às burocracias governamentais, uma espécie de secretário do governo civil, para quem ainda se lembra dos ditos.
Ele há pessoas bem instaladas e o Banco de Portugal, nosso só de nome, é boa sinecura.
Valha-nos que não existe qualquer operação policial dirigida a uma comunidade específica. Mas há cuidado com os nossos. E pouco mais, na nossa medíocre existência de país sem visão, nem estratégia. Apenas o pleito para o lugar, o tacho, o secretário-geral.
Como pode, um país onde o salário médio ronda os 1640 euros, pagar estes soldos.
É a loucura dos tempos. O sincelo. Os vigorosos frios que nos haverão de gelar.
“O Natal possível”.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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