Desporto
O espanhol com “costela” britânica que quer Portugal campeão europeu
O espanhol Roberto Martínez ficou surpreendido com a proposta para comandar a seleção portuguesa de futebol, num altura em que pensava regressar à competição de clubes, numa carreira, e trajeto, com ‘carimbo’ britânico.
Após sete anos como selecionador belga, no começo de 2023, o antigo médio, nascido na Catalunha, mas com quase duas décadas de carreira no futebol inglês, galês e também escocês (representou o Motherwell como jogador), estava preparado para retornar à vida ‘normal’ de clube, mas acabou por ser ‘impedido’ pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
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“Após sete anos na Bélgica, o passo normal seria voltar a um clube. Parecia natural. Foi um momento de decisão da minha vida. Mas, quando tive uma reunião com o presidente (da FPF), fez sentido totalmente usar a minha experiência do futebol de seleções”, contou Martínez, em entrevista à agência Lusa.
No seu gabinete na Cidade do Futebol, em Oeiras, o técnico espanhol, de 50 anos, confessou que não estava à espera de ser o sucessor de Fernando Santos na equipa lusa.
“Foi inesperado, totalmente inesperado. Mas, acredito nisso. Gosto muito do sentimento de acordar no próximo dia e ter uma missão. Agora, estou onde quero estar, tenho uma oportunidade única e é com orgulho que vou fazer tudo para termos sucesso no Europeu”, disse.
Martínez nasceu na Catalunha, na zona de Lérida, e começou a sua carreira de jogador em Espanha, passado sobretudo pelo Saragoça, mas, cedo, com 22 anos, rumou ao futebol inglês, algo que foi determinante na sua vida.
“Nunca pensei que iria jogar e treinar 21 anos no futebol inglês. Faz parte da minha formação, do que tenho nos meus valores como treinador e na forma de jogar. O futebol para mim não é um trabalho, é uma paixão, uma forma de viver. O melhor papel é jogar e o segundo melhor é treinar”, confessou.
Pela ligação ao seu pai, treinador em equipas pequenas locais na Catalunha, desde cedo Martínez teve a certeza de que iria seguir as pisadas familiares, mas a vida britânica acabou por ter um grande peso nas suas ideias para o futebol.
“Se tivesse ficado em Espanha, seria um treinador totalmente diferente. A cultura ibérica, Espanha, Portugal, também Itália, é tentar ganhar faltas, é tentar complicar a vida ao árbitro. Na cultura britânica, isso não é permitido no balneário. Há regras claras de fair-play, forma de jogo, ter jogo útil com responsabilidade dos jogadores. Por isso, quando fui para Inglaterra, mudei rapidamente”, reconheceu.
Após ter treinado Wigan, Swansea e Everton, antes de rumar à Bélgica, Martínez admite que não tem saudades da Premier League, sobretudo devido à quantidade de jogos com poucos intervalos e por ser uma pessoa que ‘abraça’ os projetos com “intensidade”.
“Olho muito mais para a frente do que para atrás. A chave da vida é fazer tudo com intensidade. E, é isso que estou a fazer”, concluiu.
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