Passaram já 26 anos desde que a pequena localidade de Coucieiro, em Vila Verde, Braga, foi abalada por um dos crimes mais brutais e misteriosos da história portuguesa.
Três irmãs, conhecidas na terra como “as manas pintas”, foram assassinadas de forma violenta dentro da sua própria casa, e até hoje, o caso permanece por resolver.
A 31 de janeiro de 1999, durante a hora da missa, Maria Ester, Maria Rosa e Maria Olívia de Sousa foram atacadas com uma violência atroz. Ester, a mais velha, foi a primeira vítima. Ainda estava deitada quando foi surpreendida por um agressor que a esfaqueou múltiplas vezes no tórax e abdómen. Diz-se que foi esventrada.
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Rosa e Olívia chegaram pouco depois, para abrir o pequeno mercado que geriam no rés-do-chão da moradia. À entrada, foram atacadas com um objeto metálico pesado, provavelmente um ferro, e sofreram golpes mortais na nuca. Rosa ainda resistiu um dia no hospital. Olívia ficou em coma durante uma semana, mas acabou por falecer. Nenhuma das três sobreviveu.
A população acreditava tratar-se de um único homicida hipótese também admitida pela Polícia Judiciária. No entanto, nunca se conseguiu confirmar o número exato de envolvidos, nem esclarecer as motivações. Nada foi roubado de valor significativo, exceto cerca de 20 contos. Havia gavetas remexidas, sinais de procura, mas ninguém sabe exatamente de quê.
Testemunhas encontraram as vítimas pouco depois do crime. Clientes que procuravam pão, e o vizinho da frente, que ouviu os gritos, chamaram a GNR. À saída da missa, dezenas de moradores juntaram-se em choque à porta da casa, que rapidamente se tornou símbolo de uma tragédia sem rosto.
A investigação inicial da PJ levou à detenção e interrogatório de várias pessoas, mas nunca a uma acusação formal. Foram consideradas diversas teorias: um assalto mal planeado, uma vingança, disputas familiares ou até um ato de pura crueldade. Houve quem apontasse o dedo a um grupo de jovens toxicodependentes que operava na zona na altura. Um deles chegou a ser preso por outros crimes, mas nunca foi ligado diretamente a este massacre.
Em 2014, o crime prescreveu. A casa onde tudo aconteceu continua à venda, dividida entre familiares, mas permanece vazia. Ninguém quer comprar a casa onde três vidas foram tiradas com tamanha brutalidade.
Segundo fonte da PJ, o processo só poderá ser reaberto se surgirem novas provas ou testemunhos. Até lá, a pergunta que ecoa há mais de duas décadas continua sem resposta: quem tirou a vida a Ester, Rosa e Olívia?
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