Opinião

O azar de Marcelo … e os nossos

OPINIÃO | Rui Avelar | 12 meses atrás em 12-12-2023

A avaliar pelo que se sabe acerca do caso das gémeas luso-brasileiras, o tropeção de Marcelo Rebelo de Sousa no percalço dos dois pesos e das duas medidas terá tido muito a ver com o típico problema português da promiscuidade.

Já o assunto era badalado há várias semanas, por iniciativa da TVI, quando eu soube, pelo diário Público, que as crianças iam recorrer a uma consulta num hospital privado para acederem a uma médica que também presta serviço no Hospital (público) de Santa Maria.

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Diz o Público (vide a edição de 09 de Dezembro), citando os advogados da família das pacientes, que “a marcação da consulta no privado” foi feita na medida em que “a mãe das bebés tinha sido informada que em Portugal é habitual enviar casos raros (…) para o Serviço Nacional de Saúde”. 

Citado pelo diário, o advogado Wilson Bicalho faz notar que a médica era comum ao Hospital Lusíadas e ao de Santa Maria. “É um absurdo falar-se de cunha, porque, à partida, as meninas já seriam reencaminhadas para o SNS”, alega Bicalho.

Só falta o jurista brasileiro perguntar: quem nunca recorreu a um hospital privado em Portugal na expectativa de lhe serem abertas as portas de um hospital público.

Mas os problemas dos compatriotas de Marcelo não se ficam por aqui. “Que falta nos faz António Arnaut!”, acaba de desabafar comigo um médico dos muitos que estão gratos ao falecido criador do SNS.

Vem isto a propósito da recente portaria nº. 411-A/2023, que regula os índices dos médicos das unidades de saúde familiares (USF’s).

Diz-me quem sabe que a Administração Central do Sistema de Saúde, uma eminência parda criada na vigência do primeiro Governo de José Sócrates, se esmerou numa medida potencialmente ruinosa para o Serviço Nacional de Saúde.

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Passa a haver novos índices (com baixa de qualidade/custos no estudo e tratamento dos doentes), presumivelmente, para amealhar uns euros destinados ao prometido aumento das remunerações dos médicos.

Concluindo, só se baixar os custos com os doentes o médico alcança os 100 por cento no indicador que lhe determina o ordenado.

Estaremos em risco de acordar com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a imitar o da Educação, que se atreve a dizer que sob a batuta de Pedro Nunos Santos as negociações com os sindicatos dos professores seriam diferentes das protagonizadas nos últimos meses por João Costa?

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