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“O amor é um som” marca estreia de Júlio Isidro em palco a partir de quinta-feira
Uma homenagem à rádio em Portugal, cujas primeiras tentativas e experiências assinalam este ano 100 anos, é como a atriz e encenadora Carla Vasconcelos define a peça que estreia quinta-feira no Teatro S. Luiz, em Lisboa.
“O amor é um som” é o nome do espetáculo elaborado a partir de documentos de Carla Vasconcelos e da atriz Luísa Cruz, que ambas interpretam, e que assinala a estreia de Júlio Isidro em palco.
Em declarações à agência Lusa, Júlio Isidro disse que a peça faz “a exaltação do enorme poder que continua a ter a rádio”.
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A ideia de fazer este espetáculo surgiu porque os tios e padrinhos de Carla Vasconcelos e Luísa Cruz trabalharam na rádio. Daí que ambas tivessem pensado em fazer um espetáculo à maneira dos programas de rádio de “antigamente”, em que havia emissões com público, disse Carla Vasconcelos à agência Lusa.
“Então resolvemos fazer isso mesmo, uma emissão de rádio, com orquestra, com canções, com rubricas, todas inspiradas naquele tempo, com publicidade, e então montámos um programa de rádio anos 1940”, acrescentou.
Os temas “Franqueza Rude”, na voz de Augusto Paiva, que era cantado no programa “O comboio das seis e meia”, que Igrejas Caeiro fazia em direto do Politeama, ou um tema cantado pelas mexicanas Hermanas Huerta, também em voga naquele tempo, são alguns dos temas que se podem ouvir em “O amor é um som”.
Tal como “Fado do ciúme”, desta vez começado num ritmo de morna e terminando em fado, e “Quatro palavras”, este cantado por Francisco José, são também temas que se podem ouvir na peça onde Júlio Isidro se estreia em palco.
A entrada de “tio Julião”, como Carla Vasconcelos chama a Júlio Isidro, deveu-se a um “capricho” da própria, já que há muito que “queria trabalhar” com o animador e apresentador.
Como nunca fez televisão nem rádio, decidiu desafiá-lo para o palco, através de um ‘e-mail’ ao qual Júlio Isidro apenas respondeu “onde e a que horas é o ensaio”.
“O Júlio Isidro está connosco por amor, não é por ser o Júlio Isidro figura pública, é por ser o tio Julião”, acrescentou Carla Vasconcelos, numa alusão à personagem central do mais recente livro de histórias infantis escrito por Júlio Isidro, “101 Histórias do Tio Julião para Fazer OÓ”.
Até porque “O amor é um som” – título roubado a uma frase de Júlio Dinis que dizia “o amor é um som que reclama eco” – é ”um espetáculo de afetos, divertido, de memórias”, observou a encenadora.
O papel importante da rádio foi também um dos motivos que levaram Júlio Isidro a aceitar o desafio da atriz e encenadora “sem demorar muito tempo”, como o próprio disse à Lusa.
Com 53 anos de rádio – estreou-se em 01 de junho de 1968 – e mais de 100.000 horas de trabalho neste meio de comunicação, Júlio Isidro aceitou o repto não apenas pela amizade e confiança que tem em Carla Vasconcelos e Luísa Cruz, mas porque a rádio também lhe está “no sangue”.
Um locutor dos anos 1940/1950, a “geração dos senhores ouvintes”, nas palavras de Júlio Isidro, o narrador de uma radionovela que acaba por se tornar numa personagem desta, e outro papel, quase revisteiro, são as personagens a que Júlio Isidro dará corpo no S. Luiz.
“O amor é um som” está em cena até dia 20, na sala Mário Viegas, com sessões de quarta-feira a sábado, às 19:30, e, ao domingo, às 16:00.
Com ideia original de Carla Vasconcelos e Luísa Cruz, que também interpretam, texto e encenação de Carla Vasconcelos adaptado da radionovela “As Pupilas do Sr. Reitor”, de Júlio Dinis, e “Os rostos das vozes”, de Júlio Isidro, e direção de atores de Luísa Cruz, a interpretar o espetáculo estão também João Fernandes e João Henriques.
A cenografia e figurinos são de Luís Santos, o desenho de luz de Paulo Santos, o de som de Filipe Peres, com direção musical e música original de Manuel Lourenço.
O espetáculo conta ainda com os músicos António Palma, Carla Santos, Manuel Lourenço, Sandra Raposo e Vasco Sousa.
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