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Norberto Canha morreu aos 94 anos. “Percorreu todos os degraus académicos e da carreira médica”
O médico ortopedista Norberto Canha, que foi professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e presidente do Conselho de Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra, morreu aos 94 anos.
“Coimbra e o país perderam uma das suas maiores referências da medicina”, afirmou o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Manuel Teixeira Veríssimo, numa nota de pesar pela morte do médico ortopedista.
Também a Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra prestou tributo público à memória do médico Norberto Jaime Rego Canha, manifestando “as mais sentidas condolências a todos os seus familiares e amigos, neste momento de luto”.
Natural de Alfândega da Fé, no distrito de Bragança, Norberto Canha nasceu em 18 de agosto de 1929 (94 anos). Foi para Coimbra estudar na Faculdade de Medicina e “terminada a licenciatura radicou-se” na cidade, desenvolvendo as suas atividades clínicas e docentes na Faculdade de Medicina de Coimbra e nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), indicou a ULS, numa nota publicada na rede social Facebook.
Norberto Canha teve como “grande mestre” o professor Fernando Serra de Oliveira, “um dos pioneiros da ortopedia em Coimbra” e autor da primeira tese de doutoramento sobre temas da ortopedia, que o motivou para o estudo dos linfáticos, tema com que se doutorou, bem como posteriormente para os problemas da ortopedia, referiu esta unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Percorreu todos os degraus académicos e da carreira médica, atingindo em ambos os lugares de topo. Irrequieto e generoso, não deixou de dar o seu contributo na Guiné, onde ainda hoje é sobejamente conhecido, e em Moçambique”, realçou a ULS de Coimbra, destacando o contributo como presidente do Conselho de Gerência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (1984-1988), em que deu à ortopedia “um dinamismo nunca visto por esta região, transformando-a num serviço com reconhecimento nacional e internacional”.
A ULS sublinhou ainda que “muitos dos ortopedistas no ativo” puderam beneficiar das ideias e dos ensinamentos de Norberto Canha: “Desapareceu o homem, fica a sua memória e os seus ensinamentos”.
Numa nota de pesar, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) manifestou “o mais profundo pesar” pela morte do insigne médico ortopedista, o professor Norberto Canha, “que sempre desenvolveu um relevante trabalho médico, científico e humanitário”, tendo sido “um expoente dos valores morais e éticos que prestigiou a medicina em Portugal”.
“Homem de cultura, de causas, uma personalidade irreverente sempre em defesa da comunidade, um cirurgião brilhante, uma personalidade com elevada dimensão humanista”, enalteceu o presidente da SRCOM, Manuel Teixeira Veríssimo.
Norberto Canha tinha 94 anos e foi mestre de várias gerações de médicos, pelo que “perdurará o seu exemplo, bem como os seus ensinamentos”, frisou a SRCOM, indicando que, além de médico, foi professor catedrático jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e presidente do Conselho de Administração dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
“Foram também inúmeros os momentos em que manteve forte ligação à atividade da Ordem dos Médicos. Aliás, sempre atento aos problemas dos pacientes que sofrem de filariose linfática (elefantíase), em janeiro de 2019, foi homenageado na Ordem dos Médicos em Coimbra, onde o então embaixador da Guiné-Bissau em Lisboa, Hélder Vaz Lopes, o elogiou por se dedicar a doenças esquecidas, nomeadamente, naquele país africano com quem o ilustre cirurgião ortopedista mantinha forte ligação afetiva e clínica”, lembrou a SRCOM.
Manifestando “profunda admiração” pelo colega que manteve ao longo da sua vida uma enorme disponibilidade na vida cívica e associativa, a Ordem dos Médicos disse ainda que Norberto Canha destacou-se pela “dedicação à causa pública: um notável filantropo”.
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