Portugal

Nem todos os tipos de árvores ajudam a arrefecer as cidades à noite

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 semana atrás em 11-12-2024

Imagem: Pixabay

 A capacidade de refrigeração das cidades pela presença de árvores varia significativamente em todo o mundo, dependendo das características das espécies plantadas, da disposição urbana e das condições climáticas, aponta um estudo.

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O aquecimento global está a sufocar cidades de todo o mundo, onde o stress térmico urbano já causa doenças, mortes, elevados gastos energéticos, problemas de desigualdade social e problemas de infraestruturas urbanas.

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Por esta razão, muitas cidades começaram a implementar estratégias de mitigação do calor, como a plantação de árvores.

No entanto, plantar as espécies erradas ou utilizá-las em locais menos ideais limita os benefícios, segundo um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) publicado na terça-feira na revista Communications Earth & Environment.

O estudo descobriu que as árvores urbanas podem reduzir a temperatura do ar ao nível dos peões até 12 graus Celsius.

Além disso, verificaram que a presença de árvores reduziu as temperaturas máximas mensais inferiores a 26°C em 83% das cidades estudadas, atingindo assim o “limiar de conforto térmico”.

Mas o mesmo estudo descobriu que esta capacidade de refrigeração varia significativamente em todo o mundo.

“O nosso trabalho desmascara o mito de que as árvores são a panaceia definitiva contra o sobreaquecimento em cidades de todo o mundo”, alertou Ronita Bardhan, professora de Ambiente em Cambridge.

O estudo visou ajudar os urbanistas a escolher as melhores combinações de árvores e locais de plantação para combater o stress térmico urbano: “As árvores desempenham um papel crucial no arrefecimento das cidades, mas precisamos de as plantar de forma muito mais estratégica para maximizar os benefícios que podem trazer”.

Embora as árvores possam arrefecer significativamente algumas cidades durante o dia, a investigação mostra que as copas das árvores também podem reter o calor e aumentar as temperaturas à noite.

Para realizar o estudo, a equipa reviu os resultados de 182 investigações anteriores – relativas a 17 climas em 110 cidades ou regiões do mundo – publicadas entre 2010 e 2023 e observou que as árvores urbanas tendem a arrefecer mais as cidades em climas quentes e secos, e menos em climas quentes e húmidos.

De acordo com o estudo, as árvores tiveram um bom desempenho em climas áridos, arrefecendo as cidades em pouco mais de 9°C e aquecendo-as à noite em 0,4°C, enquanto em climas de floresta tropical, onde há mais humidade , o arrefecimento diurno foi reduzido para cerca de 2°C e o efeito de aquecimento noturno foi de 0,8°C.

Além disso, em climas temperados, as árvores podem arrefecer as cidades até 6°C e aquecê-las até 1,5°C, de acordo com o estudo.

A investigação apontou que as cidades com traçados urbanos mais abertos têm maior probabilidade de apresentar uma mistura de árvores perenes e caducifólias de diferentes tamanhos, o que, segundo os investigadores, ajuda a provocar um maior arrefecimento em climas temperados, continentais e tropicais.

A utilização combinada de árvores nestes climas geralmente arrefece mais 0,5°C do que nas cidades onde só existem árvores de folha caduca ou perenes.

Isto porque as árvores mistas podem equilibrar a sombra sazonal e a luz solar, proporcionando um arrefecimento tridimensional a diferentes alturas.

Em climas áridos, no entanto, os investigadores descobriram que as espécies perenes dominam e arrefecem de forma mais eficaz no contexto específico de ‘layouts’ urbanos compactos, como o Cairo (Egito) ou o Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Os investigadores concluíram que os urbanistas não se devem limitar às árvores como ferramenta para arrefecer as cidades, mas devem encontrar outras soluções, como a proteção solar e os materiais refletores, que vão continuar a desempenhar um papel importante.

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