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Natália Jesus morre em Coimbra vítima dos incêndios, mas está “imortalizada” na terra que a viu nascer
Natália Jesus morreu, aos 81 anos, após estar internada em Coimbra devido aos incêndios da semana passada em Albergaria-a-Velha.
A artesã local, natural de Frossos, faleceu esta manhã, 23 de setembro, vítima dos ferimentos provocados pelo incêndio que lavrou no concelho de Albergaria-a-Velha, escreve o Jornal de Albergaria.
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Natália de Jesus era uma das últimas guardiãs do engenho de transformar bunho em esteira; arte que começou a prendar aos 11 anos junto da mãe com a matéria-prima recolhida pelo pai.
“Estava longe de imaginar que o fogo estivesse tão perto. Os eucaliptos, com o vento, vinham até cá abaixo e voltavam para cima. Foi tudo muito rápido”, relatou o filho na altura.
Foi ao escapar para um local seguro que teve de carregar a mãe nos braços para salvar ambos das chamas. Num sítio mais salvaguardado foram auxiliados pelo secretário da Junta de Freguesia de São João de Loure e Frossos. A octogenária continuava a respirar, mas não falava e teve de ser transportada de ambulância.
Já um morador relatou que tentaram tirar um veículo que estava a ser atingido pelo fogo. “Tinha sido retirado pela mãe e pelo filho que estavam a tentar fugir das chamas”, conta um homem ao Correio da Manhã.
“De alguma forma, o carro destravou-se e colidiu na casa”.
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Contudo, é em Albergaria-a-Velha, na sua terra, que está imortalizada. Existe um mural de homenagem à população de Frossos da autoria do artista António Conceição.
Nesta imagem vê-se uma das pessoas mais emblemáticas da terra, a artesã Natália Jesus, mestre na arte de trabalhar as esteiras de bunho.
De acordo com o município, era praticamente a última mestre, no concelho, nesta arte que trabalha o bunho. Aos 11 anos aprendeu a fazer esteiras com a mãe. Em meados do século XX, era o “ganha pão” de muitas casas, com os homens a ceifarem o bunho e as mulheres a fazerem as esteiras.
As esteiras são feitas a partir de uma planta nascida numa zona lagunar da Ria de Aveiro – o bunho – com um método de trabalho vagaroso e exigente. Inicialmente, foram produzidas para cumprir funções muito específicas, como proteger o milho no processo de secagem ou acomodar mercadorias e pessoas nas viagens de barco. Durante muitos anos, Natália de Jesus forneceu esteiras à Fábrica Metalúrgica Alba com a finalidade de proteger as peças produzidas no seu transporte. Atualmente, o escoamento não é o mesmo de outrora, pois as esteiras são hoje, na sua maioria, vendidas em mercados tradicionais para decoração.
Chegou a referir que não é pela venda do artesanato que continua a praticar esta arte, mas sim pela difusão do saber, da tradição e da identidade cultural da terra onde nasceu.
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