Crimes

Mulher que confessou ter rapado cabelo à mãe afirma que foi obrigada a assumir os crimes

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 semana atrás em 09-04-2025

A mulher acusada, juntamente com oito pessoas, de, em Gondomar, raptar os filhos, rapar a cabeça da mãe e exibir o escalpe nas redes sociais, disse hoje ser inocente e que foi obrigada a assumir aqueles crimes.

“Eu não fiz nada daquilo que sou acusada. Eu tinha chegado de viagem, eles saíram e eu fiquei a dormir e não sei nada do que se passou (…) eu não vi nada, não sei quem lá foi, quem não foi”, afirmou a arguida, esta tarde, em sede de julgamento, no Tribunal de S. João Novo.

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A arguida, que aparece, juntamente com alguns dos restantes arguidos, num vídeo divulgado nas redes sociais a exibir o escalpe da mãe e a gabar-se de ter dado uma “valente sova” à mãe, garantiu que foi obrigada a gravar aquele vídeo.  

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“Eles obrigaram-me a dizer aquilo [o depoimento no vídeo nas redes sociais] e eu como não pensava que dava cadeia, eu disse… Eu estou muito arrependida de ter feito o vídeo, arrependo-me mesmo. Estive um ano presa e deu-me para refletir o mal que fiz, não me devia ter metido”, disse.

E continuou: “Eles disseram que de mulher para mulher não dava em nada”, argumentou.

Questionada sobre porque prestou declarações, a arguida disse que “não queria levar com a culpa”, uma vez que não fez nada.

“Se foi para dizer isto, não sei porque falou. Para dizer isto, mais valia ficar calada”, retorquiu a magistrada, depois da arguida se ter recusado ao contraditório por parte dos advogados de outros acusados, o que implica que as declarações da arguida não podem ser valoradas contra os restantes arguidos.

Segundo a acusação, a 06 de fevereiro de 2024, “sob os comandos do arguido patriarca [ex-marido de uma das vítimas, sendo a outra vítima o, à data, companheiro da mulher] engendraram um plano retirar os netos que à mulher.

Os nove arguidos estão acusados da prática, em coautoria, de dois crimes de rapto (dos menores), dois de sequestro, dois de roubos, dois de ofensas à integridade física qualificada, dois crimes de ameaça e um crime de dano. Um dos arguidos está também acusado de detenção de arma proibida.

Questionada pelo Tribunal se queria prestar depoimento, uma vez que é familiar direta [mãe] de alguns dos arguidos, a mulher vítima optou por não falar, mas o atualmente ex-companheiro quis prestar depoimento.

“Estava a sair de casa, parou uma carrinha, saíram os filhos e o genro, fiquei a olhar para eles (…) eu virei-me a eles. Se não tivesse feito isso, se calhar até conversávamos a bem, mas eu vi quatro indivíduos a correr para mim e virei-me a eles”, disse.

O Ministério Público apontou à testemunha a existência de contradições entre o testemunho em Tribunal e o dado na Polícia Judiciária, onde terá descrito com detalhe as agressões de que terá sido vítima por parte dos arguidos: “Na altura, a minha companheira disse-me que eu tinha que dizer aquilo e apontar aquelas pessoas. Peço desculpa por os ter confundido e peço desculpa por ter dito que levaram o meu telemóvel quando não levaram”.

“Eu desisto de tudo e peço-lhes que me desculpem”, disse a testemunha.

Depois de um primeiro dia marcado por várias interrupções por comentários entre os vários arguidos, o julgamento continua dia 28 com o testemunho de uma das crianças envolvidas, a rapariga, atualmente com 14 anos, sendo que o irmão, com 15 anos, não quis prestar declarações.

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