Crimes

Mulher acusada de sequestrar recém-nascida em silêncio no início do julgamento

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 12-11-2019

A mulher que em fevereiro tentou sequestrar uma recém-nascida no Hospital de São João, no Porto, optou por ficar hoje em silêncio na primeira sessão do julgamento.

Durante a manhã, o coletivo de juízes ouviu seis testemunhas, entre eles três inspetores da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária que descreveram as diligências no âmbito da investigação, tendo um deles afirmado que os procedimentos de segurança existente na obstetrícia “não funcionaram”.

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Para entrar naquele serviço, referiu esse mesmo inspetor, era necessário ter na sua posse um código de acesso ou um cartão, não tendo sido possível apurar, no decurso da investigação, se este ou outro meio de acesso foi usado pela arguida.

O caso remonta ao dia 02 de fevereiro, altura em que a mulher terá entrado de forma “não autorizada” na Obstétrica do hospital, cerca das 19:00, e, identificando-se como médica, tentado “sequestrar” uma recém-nascida, “com o propósito de retomar a relação amorosa que anteriormente mantinha” com um homem, sustenta a acusação.

“Para poder circular no hospital sem levantar suspeitas, decidiu identificar-se como médica, vestindo para o efeito uma bata descartável azul e colocando um estetoscópio ao pescoço”, diz a acusação.

A mulher de 48 anos, que se encontra atualmente em prisão domiciliária com vigilância eletrónica, está acusada da prática de um crime de sequestro agravado, na forma tentada.

Durante a sessão da manhã foi ainda ouvido o homem com quem a arguida manteve uma relação, tendo o mesmo revelado que nunca acreditou na suposta gravidez da arguida.

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Ao tribunal, o homem explicou que se “deixou ir”, com o objetivo de perceber se era pai do bebé.

Mais tarde, e ao saber da detenção da arguida, o homem que colaborou com a Polícia Judiciária durante a investigação, ainda manteve contacto com a mesma, à procura de uma justificação para o sucedido.

“Falei com ela durante um mês para perceber o porquê disto. Fui para ela durante um mês, o que ela foi para mim durante um ano: mentirosa”, explicou.

O coletivo de juízes ouviu ainda a auxiliar com quem a arguida se encontrou no corredor do serviço de Obstetrícia do Hospital de São João, que disse àquele tribunal que achou estranho o comportamento da arguida que, quando abordada, lhe disse que era médica e vinha fazer uma surpresa a uma doente sua.

Foi ainda ouvida a mãe da bebé que revelou que a arguida entrou no seu quarto afirmando ser médica e lhe pediu para segurar na menina.

“Nunca desconfiei. Se ela me dissesse que tinha de levar a bebé para ir fazer exames, provavelmente deixaria”, disse, sublinhando que depois do sucedido ficou “muito assustada e cheia de medo”.

“Essa noite passei em claro com a minha filha nos meus braços. Só queria sair de lá”, frisou.

A mulher relatou ainda que a arguida saiu do quarto onde se encontrava assim que o seu marido entrou, tendo à data o mesmo dito: “esta mulher já me passou pelas mãos”.

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