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Motard da Concertina cancelou 63 concertos devido à pandemia

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 14-08-2020

Em temporada de festa, nem a mota nem a concertina de Helder Batista vão dar baile nas romarias nacionais e internacionais, depois ter sido obrigado a cancelar os 63 concertos agendados por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus.

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Em declarações à Lusa, o artista popular, natural do São Bentinho da Porta Aberta, em Terras de Bouro (Braga), disse que nem fez as contas ao prejuízo “para não ficar com dores de cabeça”.

O último concerto que deu foi em fevereiro, o próximo não sabe onde será.

Aos 33 anos, e no ano em festeja 15 de carreira, quatro deles como o Motard da Concertina, o artista lamenta a falta de apoios para “os pequenos” e admite que no caso dele “vai tendo alguma sorte”, embora realce que a mota parada também tem custos de manutenção.

“Além de não recebermos, gastamos. Temos custos fixos que não podemos deixar de pagar. No meu caso, os camiões parados também pagam seguro, mas temos sorte, somos uma empresa, ainda conseguimos entrar no regime de layoff”, explicou.

Além da mota, “uma paixão”, e da concertina, “a outra paixão”, Helder Batista é acompanhado por 19 pessoas: “Somos 20 pessoas impedidas de trabalhar. Sentimo-nos um pouco desapoiados. O layoff não nos resolve o problema nem a possibilidade de recurso a linhas de financiamento porque vamos ter que pagar esse dinheiro”, diz.

E se numa das suas músicas mais conhecidas, o artista canta ao poder divino, na esfera terrestre é para o Governo que reclama: “Ao S. Bentinho eu vou rezar”, canta, “a solução podia passar por nos pagar uma parte dos contratos cancelados, como compensação”, reclama.

Em 2020, a mota e a concertina iam também além-fronteiras: “Tínhamos 35 concertos no estrangeiro agendados: Canadá, Austrália, Luxemburgo, América (do Norte) e Suíça”, enumera, fazendo já contas a 2021.

“Nesta altura, num ano normal, já tínhamos a agenda internacional toda fechada. Este ano, para 2021, nem um concerto. Só aqueles que foram reagendados mas que também não sabemos se vão mesmo acontecer”, diz.

Quanto a outros colegas de palco, o artista de Terras de Bouro diz saber de casos muito complicados: “Há colegas a passar por grandes dificuldades. O dinheiro que ganham é nos espetáculos de verão, mas romarias, nas festas populares e este ano não houve nada”.

Helder Batista não vai cantar “Anda comigo meu amor” por esses palcos e desta vez fica sozinho, não porque foi “com uma, duas, três, quatro, cinco ou seis”, mas “no fim das contas o namoro ficou caro” na mesma.

Contas, é algo que o artista prefere nem pensar: “Ainda não as fiz porque não quero ficar com dores de cabeça. Esta vida não dá para ser rico, não somos como ‘os grandes’, mas fazemos aquilo de que gostamos e isso também tem um preço”, explica.

Nas romarias deste ano não houve música. Não se ouviu “O amor é um bichinho que rói, rói, rói,”, e o resultado do ano ficou “Zero, zero”, mas o artista promete, numa das suas músicas, que “de beber não pode deixar”.

Além de artista popular, Helder Batista tem uma loja de música e uma escola de música.

“A loja já abriu, as aulas, não sei quando vamos começar”, disse.

O ano está a ser um ano de silêncio para os artistas.

O “Melro preto cantou”, mas não foi o da concertina nem na garupa da mota do Hélder Batista.

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