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Mosteiro de Celas vai ser alvo de obras enquanto símbolo da “Arte Medieval” em Portugal
O Mosteiro de Celas, em Coimbra, vai ser alvo de obras de requalificação no âmbito de uma das sete candidaturas que foram aprovadas no contexto do Programa Operacional Centro 2020 que permitirão a criação de melhores condições de acesso a bens culturais através da reabilitação, salvaguarda, conservação, restauro e valorização de diversos monumentos nacionais.
O Mosteiro de Celas é, atualmente, considerado um dos mais importantes conjuntos edificados de Coimbra, pleno de desafios à História da Arte Medieval e, simultaneamente, revelador de diferentes correntes artísticas da Coimbra dos séculos XIII/XIV a XVIII. Esta intervenção conta com um investimento superior a 271 mil euros, dos quais cerca de 240 mil foram comparticipados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. Esta requalificação assume especial relevância cultural e científica, quer do ponto de vista local, quer do ponto de vista nacional e internacional, e tem como objetivo a conservação do edifício classificado, cujas sucessivas infiltrações através das coberturas em telha cerâmica têm desencadeado a sua degradação.
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As obras no Mosteiro de Celas têm início marcado já para o próximo mês e prevê-se que estejam concluídas até março de 2022.
Além da revisão e substituição de elementos danificados no revestimento em telha cerâmica, a intervenção abrange ações de conservação e restauro no âmbito da estabilização de elementos em pedra, promovendo, consequentemente, a beneficiação deste espaço e a sua dignificação enquanto relevante objeto artístico-arquitetónico, cultural e histórico. Após a conclusão da obra, estarão garantidas as condições para manter a utilização e fruição do monumento e a realização de eventos de índole religiosa e cultural.
Com um investimento total de 4 milhões de euros, estas intervenções são estratégicas no quadro da capacidade de atração e desenvolvimento territorial sendo a sua concretização uma prioridade para a Direção Regional de Cultura do Centro.
“A Estratégia Regional de Cultura 2030 definiu como um dos seus objetivos estratégicos a reabilitação, valorização e dinamização do património cultural através de um plano sistemático, de escala regional, que atenda às necessidades do património móvel e imóvel, material e imaterial da região Centro” sublinha Suzana Menezes, Diretora Regional de Cultura.
O Mosteiro de Celas inclui a primeira igreja feminina cisterciense construída de raiz que, apesar das sucessivas alterações e do carácter sóbrio geral, mantém importantes trechos da escultura gótica trecentista em Portugal nas duas galerias do claustro com decoração historiada nos capitéis da transição do século XIII para o XIV. No interior da igreja, provavelmente construída sob a orientação de Diogo de Castilho, destacam-se elementos como a abóbada polinervada e contrafortada, obras de caráter renascentista e maneirista e os retábulos em talha barroca e marmoreados, de meados do século XVIII. Salientam-se ainda o coro executado por Gaspar Coelho, no final do século XVI, os lambris de azulejos setecentistas e de fabrico coimbrão, a estatuária e as telas pintadas. O portal principal data do século XVI (1530), e, no século seguinte, foi sobreposto no segundo registo da fachada principal o mirante de nove janelas. A planta centralizada da igreja é um exemplo raro nos mosteiros femininos portugueses. As mais recentes teorias apontam para que este esquema planimétrico correspondesse ao da origem do mosteiro, à semelhança do que a própria D. Sancha fizera no convento cisterciense de Alenquer, do qual ainda restam vestígios da rotunda.
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