Morte à porta do Avenue. Junior fica em silêncio. Thaís decide falar sobre discussão
Elisio Junior Souza Soares acusado de matar com 14 tiros um homem à porta de uma discoteca de Coimbra, em 2017, optou hoje por não prestar declarações no início do julgamento.
O arguido é acusado de ter disparado 14 tiros contra a vítima, Rudnilson Esmaiel Soares (Isma), de 30 anos, à porta da discoteca Avenue Club, a 08 de janeiro de 2017, por volta das 07:40, depois de se ter gerado uma discussão entre a namorada do suspeito e a gerente do estabelecimento.
No início do julgamento, o arguido, de 22 anos remeteu-se ao silêncio, assim como o amigo que lhe terá fornecido a arma e o companheiro da mãe do suspeito, que o terá ajudado a fugir para Espanha, aquando do crime, também constituídos como arguidos.
Já Thais De Abreu, a namorada do suspeito de homicídio, acusada de detenção de arma proibida e ofensa à integridade física qualificada, aceitou falar, mas apenas sobre a discussão com a gerente do Avenue Club.
Segundo a sua versão dos factos, a gerente Vânia Santos abordou-a de forma agressiva dentro da discoteca e insultou-a, sendo que, já fora do estabelecimento, terá voltado a gritar com ela.
“Ela deu-me um empurrão e eu dei-lhe um empurrão”, contou a, na altura, namorada do arguido, sublinhando que, depois de receber um pontapé na virilha por parte da gerente, deu um murro com uma soqueira, que lhe foi retirada por Isma.
A arguida disse que encontrou a soqueira no carro do amigo do seu namorado e que a tinha levado para a discoteca para o caso de surgir “alguma confusão”. “Nunca tinha usado antes”, vincou.
Sobre a ida até à casa de um amigo onde o companheiro terá ido buscar uma arma e sobre o regresso, de carro, à discoteca, onde o arguido terá disparado contra Isma, a namorada do suspeito nada disse, alegando que não se lembrava de mais nada, por ter tomado “bastantes calmantes”.
“Os calmantes não apagam a memória”, retorquiu a juíza.
Durante o julgamento, um dos inspetores da Polícia Judiciária referiu que não ficou demonstrado que Isma trabalhasse como segurança naquele estabelecimento, sendo antes uma pessoa que ajudava a apaziguar conflitos, já que era respeitada pela comunidade de “indivíduos de proveniência dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa]”.
Depois dos depoimentos dos inspetores da Polícia Judiciária, falou Vitor, a testemunha que conduziu o carro de onde o acusado terá disparado.
A falar em videoconferência a partir do Brasil, confirmou os factos da acusação, mas afirmou que o seu amigo teria como intenção disparar “para a zona dos joelhos”.
Depois dos primeiros disparos, afirmou que foi ameaçado pelo seu amigo, que lhe terá apontado a pistola, para regressar ao local do crime, onde este voltou a disparar sobre a vítima.
A namorada de Isma, que foi ouvida com o principal arguido e a sua namorada fora da sala de audiências, afirmou que não se apercebeu dos primeiros disparos.
Pouco depois de constatar que a vítima, deitada no chão, de “olhos e braços abertos”, era o seu namorado, surgiu, de novo, o arguido.
“Pedi-lhe para não disparar. Ele respondeu: “É para ele aprender a não humilhar as pessoas””, contou a testemunha, referindo que o disparo foi em direção à cabeça do seu namorado, tendo ela também sofrido um disparo no pé por parte do arguido.
Passado mais de um ano após o crime, Élida, antiga dirigente da Associação de Estudantes Cabo Verdianos da Universidade de Coimbra, diz que “mudou tudo”.
“Como é que um ser humano consegue fazer isso a outro ser humano? Consome-me tanto pensar nisso. Não consigo dormir. Trabalho 16 horas por dia para não ter que pensar nessas coisas”, frisou.
Neste processo 9/17.5JACBR são arguidos Elisio Junior Soares, Thaís De Abreu, Marcos Henriques e Jorge Simão.
O Tribunal teve algumas dificuldades técnicas para mostrar as imagens captadas pelas câmaras de vídeovigilância do Avenue Club. Não conseguiu durante a manhã. Foi possível durante a tarde. Com recurso a equipamento em que a gravação mal se via.
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