Portugal
Morreu o historiador Adriano Vasco Rodrigues
O investigador, historiador e antropólogo Adriano Vasco Rodrigues, que desenvolveu trabalhos na área dos estudos judaicos, morreu hoje, no Porto, aos 95 anos, disse à agência Lusa o deputado Nuno Gonçalves, ex-presidente da Câmara de Torre de Moncorvo.
O anúncio da morte foi avançado por um comunicado deste município do distrito de Bragança, que definiu Adriano Vasco Rodrigues como “investigador profícuo sobre a presença judaica em Portugal”, recordando que “em Torre de Moncorvo, existe um centro com o seu nome, em homenagem ao seu legado, o Centro de Estudos Judaicos Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues”.
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Na opinião de Nuno Gonçalves, atual deputado da AD por Bragança, “Adriano Vasco Rodrigues era uma das pessoas mais sábias da cultura judaica em Portugal”.
“Adriano Vasco Rodrigues foi um dos grandes vultos da cultura nacional e da cultura moncorvense”, disse á Lusa Nuno Gonçalves, lembrando que o historiador e sua mulher, Maria da Assunção Carqueja, estão associados à criação do Centro de Estados Judaicos, instalado num antiga sinagoga em Torre de Moncorvo.
Adriano Vasco Rodrigues nasceu na cidade da Guarda em 04 de maio de 1928, tendo casado com Maria da Assunção Carqueja, natural do concelho de Torre de Moncorvo.
O investigador era licenciado em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, doutorou-se em História de Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, foi investigador do Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, e deixa uma extensa bibliografia em áreas como arqueologia, história e etnografia.
Adriano Vasco Rodrigues, ao longo do seu percurso, fez especializações e graduações nas Universidades de Santiago de Compostela, em Espanha, de que foi bolseiro, e na Universidade de Bona, na Alemanha, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em vários seminários e colóquios em universidades portuguesas e estrangeiras.
Foi diretor da Schola Europaea, na Bélgica, professor associado da Universidade Portucalense, vereador da Comissão Municipal de Arte e Arqueologia do Porto, director-geral do Ensino Particular e Cooperativo (1983-86), governador civil da Guarda (1982-83) e ainda deputado independente eleito pelo CDS, no círculo do Porto (1976-82).
O Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, recorda o trabalho do investigador em Angola, nos anos de 1960-70, com o Instituto Superior de Investigação Cientifica e em prospeções e escavações arqueológicas e subaquáticas no mar de Luanda e no deserto do Namibe.
Adriano Vasco Rodrigues é autor, coautor, coordenador ou colaborador de obras como “De Cabinda ao Namibe”, “Judeus, judiarias e cristãos-novos na Beira Interior”, “Provérbios de origem sefardita no interior da Beira e em Trás-os-Montes”, “Gente de nação além e aquém do Côa : Judeus Sefarditas”, “A fortificação das fronteiras na estratégia da expansão portuguesa”, “O retábulo flamengo da igreja matriz de Torre de Moncorvo”, “História breve da engenharia civil : pilar da civilização ocidental”, “Terras da Meda : natureza, cultura e património”, “Monografia artística da cidade da Guarda”, “Almeida : da pré-história aos nossos dias”, “Os Lusitanos : mito e realidade”, “Arqueologia da Península Hispânica: Do Paleolítico à Romanização”, “Celorico da Beira e Linhares. Monografia Histórica e Artística”, “As terras da Beira nas invasões francesas” e da “História Geral da Civilização”, em dois volumes, publicada em 1973-74, pela Porto Editora.
Em 1994, foi condecorado com a Medalha de Ouro pela Câmara Municipal do Porto. Dois anos mais tarde, recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio.
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