Saúde

Morreu o “guitarrista de génio” que se manteve ativo mais de 50 anos

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 13-08-2018

O músico Filipe Mendes, conhecido como Phil Mendrix, que morreu hoje, aos 70 anos, em Lisboa, foi um “guitarrista de génio”, que liderou vários projetos musicais, o primeiro deles, a banda Chinchilas, nos inícios da década de 1960.

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Sobre o músico, a “Enciclopédia da Música Ligeira Portuguesa” (1998) afirma tratar-se de um “guitarrista de génio” que além dos Chinchilas, fundou os Heavy Band, os Psico e os Roxigénio, e mais tarde tocou com os Irmãos Catita e os Ena Pá 2000.

Filipe Mendes foi pioneiro do rock psicadélico em Portugal e, apesar de na década de 1960 ser conhecido como o “Jimi Hendrix português”, só a partir de 1995 utilizou o nome profissional de Phil Mendrix

Nascido em Lisboa, a 10 de novembro de 1947, Filipe Mendes começou a estudar piano com sete anos e, aos 16 anos, constituiu os Chinchilas, com Vítor Mamede, José Machado, Mário Piçarra e Fernando, uma formação pioneira do rock psicadélico que inicialmente se denominava Monstros.

Em 1964, Filipe Mendes estreou-se como profissional, ao participar no Festival de Música Yé-Yé, no então Teatro Monumental, em Lisboa.

Em 1971, foi estudar para a Chicago School of Music, nos Estados Unidos, onde aperfeiçoou os conhecimentos de guitarra elétrica.

Nesse mesmo ano, os Chinchilas participaram no primeiro Festival de Vilar de Mouros, cujo cartaz incluiu Amália Rodrigues e Duo Ouro Negro, entre outros.

Ainda em 1971 foi editado o primeiro disco desta banda, nascida no Porto, com os temas “Barbarela” e “D. João”, que segundo a “Enciclopédia da Música Ligeira”, dirigida por Luís e João Pinheiro de Almeida, “surge já numa fase decadente da banda”.

Filipe Alberto do Paço de Oliveira Mendes, de seu nome de registo, foi tema de um documentário de Paulo Abreu, “Phil Mendrix”, construído a partir de materiais filmados entre 1994 e 2013 e que traça o percurso de um músico que se manteve ininterruptamente em atividade.

O documentário, estreado no Festival DocLisboa, em 2015, recebeu o Prémio do Público e, ainda nesse ano, foi distinguido no Festival Muvi Lisboa.

De 1968 a 1970 foi presença permanente no cartaz do Casino Estoril, tendo atuado também nos casinos de Ofir, Póvoa de Varzim, Figueira da Foz e Alvor.

Em 1969, segundo o fotógrafo Vasco Ludgero, amigo do músico, Filipe Mendes protagonizou “uma experiência inédita, que consistiu na gravação de quatro instrumentos e quatro vozes, por si próprio”.

Na década de 1970 participou em gravações de discos de Denis Cintra, Tonicha, José Cid, Thilo Krassam e Paulo de Carvalho.

De 1971 a 1973, segundo Vasco Ludgero, realizou uma digressão mundial com a sua Heavy Band e com o Grupo de Teatro de Ruth Escobar, com o qual fez parte da peça “Missa Leiga”, de Chico de Assis. Em 1974, os Heavy Band realizaram uma digressão por Portugal.

Colaborou em 1975 com saxofonista Rão Kyao e, no ano seguinte, partiu para a Holanda, onde foi lecionar na Filmhuis House, em Amesterdão.

Dois anos depois, fundou o grupo Psico, que teve uma curta existência, tendo apenas gravado um disco, e de 1978 a 1982 constituiu os Roxigénio, com quem gravou três álbuns e dois ‘singles’, de acordo com dados disponibilizados por Vasco Ludgero.

Partiu para o Brasil em 1982 onde permaneceu uma década, durante a qual fez parte de vários grupos, participou em gravações discográficas e realizou digressões.

Em 1993 regressou a Portugal, reformulou os Roxigénio e tornou-se docente na Escola de Jazz do Porto. Dois anos mais tarde, passou a fazer parte dos Ena Pá 2000 e dos Irmãos Catita e, em 1996, formou um quinteto com o saxofonista Mário Gramaço e fez parte d’Os Charruas.

Em 2005, gravou “o seu primeiro disco de instrumentais a solo” e no ano seguinte constituiu a Phil Mendrix Band.

Em 2017, abriu um café concerto, o Mendrix Bar, em Fernão Ferro, no concelho do Seixal, no distrito de Setúbal, e em novembro desse ano recebeu a Medalha de Ouro da Sociedade Portuguesa de Autores, tendo na ocasião tocado um solo de guitarra.

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