Coimbra

Moradores criticam obra em curso na Figueira da Foz

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 26-11-2018

Moradores e comerciantes da localidade de Buarcos, Figueira da Foz, criticaram hoje a obra de requalificação urbana em curso, apontando-lhe erros de projeto e funcionalidade duvidosa, que a autarquia local admitiu vir a corrigir.

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“As obras podem ser muito lindas, mas a funcionalidade é muito duvidosa”, disse hoje Cardoso Pereira, um dos munícipes que interveio na reunião da autarquia, questionando, nomeadamente, um novo arruamento em redor do jardim do chamado largo Caras Direitas – onde existe uma farmácia e um supermercado, entre outras atividades – que acusa de não ter largura suficiente para permitir no acesso de viaturas de maior dimensão, como veículos pesados ou mesmo ambulâncias.

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“A zona alcatroada não permite entrar nas garagens, está-se a atirar os carros para cima das casas. Os passeios são estreitos, esta situação é muito estranha”, enfatizou.

Cardoso Pereira advogou ainda o abate de árvores no jardim próximo, alegando que “não estão saudáveis” e ameaçam cair e apontou, entre outras alegadas desconformidades, uma diferença de quatro centímetros entre lancis nos passeios, que tem provocado a queda de transeuntes e a manutenção do número de sarjetas, “mas com tubos mais reduzidos”.

“Não há ninguém que conheça a zona e que diga que aquilo está bem feito”, continuou o munícipe, pedindo ao presidente da Câmara João Ataíde que “mande corrigir” a obra em curso.

“Assim não está bem, ainda estamos a tempo, só para a morte é que não temos solução”, argumentou o munícipe, entregando ao autarca um documento assinado por 60 pessoas a exigir a intervenção camarária.

Já António Pascoal, proprietário da farmácia ali existente, lembrou que o projeto da requalificação da frente marítima de Buarcos, uma obra orçada em 1,2 milhões de euros, foi apresentado publicamente, “mas não houve discussão” pública e disse que, num novo parque de estacionamento ali em construção, a largura entre os lugares “não é suficiente”.

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“Não é razoável, o espaço entre automóveis é reduzido, carros mais volumosos não conseguem abrir a porta. Há que dar funcionalidade às pessoas, mas o espaço é ridículo”, observou.

Na resposta, João Ataíde manifestou estar a ser confrontado “agora” com a situação relatada pelos munícipes: “A funcionalidade e sentido da intervenção é gerar mais espaço pedonal, para que a utilização não seja dominada pelo automóvel. Os aspetos pontuais que aqui foram referidos surgem na dinâmica da obra, porque por muito que se pretenda ver ao pormenor, falham questões pontuais”, alegou o autarca.

“Li com atenção o documento, vou reunir a equipa técnica e depois vou convosco ao local analisar para que os problemas possam ser ultrapassados”, garantiu João Ataíde, garantindo a realização da visita até final da próxima semana.

A intervenção do presidente da Câmara motivou críticas da oposição PSD, que voltou a acusar João Ataíde de não conhecer os projetos das obras de intervenção urbana em curso, questionando se a Câmara Municipal vai fazer alterações já com os trabalhos em andamento.

“Quiseram fazer a obra à revelia de toda a gente e não ouviram ninguém. Devia ter havido ampla discussão, mas, como sempre, fazem as coisas às escondidas. Sempre que haja reclamações, alteram o projeto?”, questionou o vereador Ricardo Silva.

Na resposta, João Ataíde disse que conhece o projeto, embora tenha admitido não o conhecer “em pormenor” e frisou que eventuais alterações não o põem em causa.

“Não aceitar [a reclamação] seria tomar uma posição radical, não está em causa o projeto em si, está em causa a necessária adaptação, o projeto é muito complicado, suscita necessariamente problemas”, argumentou o autarca.

Na mesma obra, a autarquia chegou a pôr a hipótese de redesenhar um parque de estacionamento, evitando o corte de árvores contestado por ambientalistas, mas o desenho original acabou por se manter.

Das 16 árvores marcadas para abate – em 17 ali existentes – algumas foram destruídas pela tempestade Leslie, outras retiradas e restaram quatro que se mantêm.

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