Opinião

Montenegro não gosta do VAR

OPINIÃO | PEDRO SANTOS | 35 minutos atrás em 13-10-2024

A introdução do VAR em diversos desportos, nomeadamente no futebol, é uma medida que continua a não gerar consenso. Geralmente, a posição dos adeptos contra ou a favor da utilização daquela tecnologia varia de acordo com os benefícios ou prejuízos que identificam para os seus clubes, mas na passada semana a falange dos que se opõem parece ter passado a contar com um reforço provavelmente surpreendente: Luís Montenegro.

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É que, numa conferência sobre o futuro da comunicação social, o atual primeiro-ministro manifestou a sua aversão a eventuais perguntas «sopradas» aos jornalistas através dos auriculares que usam quando cobrem as suas conferências de imprensa. É fácil inferir que Montenegro tem tanto contra a utilização de auxiliares tecnológicos para o cumprimento de uma função, como terá a favor de uma espécie de pureza dos ofícios: assim como jornalista que é jornalista não precisa de ajuda para perguntar, árbitro que é árbitro não precisa de ajuda para apitar.

Daqui se pode também extrapolar que o líder do PSD não é apreciador do programa “Juízo Final”, da Sport TV (em que são divulgados os áudios relativos a intervenções do VAR em jogos da Liga Portugal), mas atendendo à sua evidente predisposição para dizer aos jornalistas como devem fazer o seu trabalho – dito de outra forma, quais perguntas lhe devem fazer e de que forma – desconfio que seria espetador assíduo de programa semelhante em que fossem dadas a conhecer as comunicações entre os jornalistas e as respetivas redações.

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Imaginem o cenário: em direto de São Bento, Montenegro e o ministro Pedro Duarte partilham a troca de impressões entre o repórter da SIC destacado para a conferência de imprensa do dia anterior e seu o editor em Paço de Arcos, fazendo comentários como «Devíamos ligar ao Balsemão para ser a Maria João Avilez a soprar as perguntas da próxima vez». Tenho a convicção de que seria um enorme sucesso de audiências, em particular entre políticos com aspirações ao poder!

Quem sabe, aliás, se este programa não fará parte da grelha dos canais privados de televisão, assim que o Governo lhes transferir a concessão do serviço público, o que acontecerá em breve… Calma, não tenho informação privilegiada, apenas tomei conhecimento dos planos para a RTP incluídos no recentemente apresentado plano de apoio aos media e não vejo que as intenções para a estação possam ser outras que não o seu desmantelamento. Nessa matéria, aliás, há que elogiar a transparência do Executivo da AD quando assegura que não pretende privatizar a RTP: é mesmo para acabar com ela!

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O que se percebe… Afinal, sempre é uma forma de ter menos perguntas «sopradas»!

OPINIÃO | PEDRO SANTOS – ESPECIALISTA EM COMUNICAÇÃO

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