Coimbra
Mónica Quintela diz que absolvição de Ana Saltão era a decisão esperada e um “triunfo da Justiça”
A absolvição da inspetora da PJ Ana Saltão, acusada de ter matado, em 2012, a avó do marido, era a decisão esperada, sendo um “triunfo da justiça e da independência do poder judicial”, afirmou hoje a advogada de Defesa, Mónica Quintela.
A Relação de Coimbra negou hoje provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público, confirmando a decisão da primeira instância, em que o coletivo de juízes tinha absolvido a inspetora da PJ Ana Saltão, terminando com um processo que se arrastava desde 2014.
Em declarações à agência Lusa, a advogada da arguida afirmou que esta era “a decisão esperada, expectável e previsível, num processo em que, desde o princípio, tudo indicava que este seria o veredicto final”.
A arguida já tinha sido absolvida na primeira instância em 2014, foi condenada a 17 anos no ano seguinte pela Relação de Coimbra, decisão que foi anulada pelo Supremo Tribunal de Justiça, tendo levado à repetição de julgamento, com tribunal de júri, que voltou a absolver Ana Saltão, segundo o princípio ‘in dubio pro reo’ [na dúvida, a favor do réu], em 2017.
Agora, vinca Mónica Quintela, “é posto fim a esta saga e espera-se que a inspetora possa seguir a sua vida em paz e que tudo isto termine aqui, com prejuízos e danos terríveis, mas com o triunfo da Justiça e da independência do poder judicial”.
Para a advogada, os dados apontaram sempre “para a absolvição da inspetora”, mostrando-se “francamente satisfeita” com a decisão da Relação de Coimbra face a um processo “muito difícil, do ponto de vista jurídico e técnico, e, do ponto de vista humano, de um sofrimento terrível para a inspetora Ana Saltão e sua família”.
Mónica Quintela lamenta que tenha ficado “um crime por investigar, não tendo sido nunca seguida outra linha investigatória”, considerando que, desde a primeira hora, “foi formada uma convicção de culpa sem qualquer prova”.
Recordando o acórdão da Relação de Coimbra de 2015, que reverteu a absolvição e condenou Ana Saltão (tendo depois sido anulada), a advogada de defesa voltou a classificá-lo como uma decisão “incompreensível e opaca, ao arrepio do processo”.
A inspetora da PJ continua colocada na diretora do Norte da PJ, esperando agora que possa retomar a sua normalidade, contou Mónica Quintela, salientando que Ana Saltão recebeu a notícia “com muita satisfação”, podendo olhar para este novo ano como “um recomeço”.
Ana Saltão era suspeita de ser a autora de mais de dez disparos que mataram Filomena Alves, de 80 anos, numa residência em Coimbra, na tarde de 21 de novembro de 2012, tendo sido acusada pelo Ministério Público de um crime de homicídio qualificado e outro de peculato (pelo furto da arma de um colega da PJ do Porto).
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