Coimbra
Mira investe 354 mil euros na recuperação dos antigos viveiros da Barrinha
Mira vai investir 354 mil euros na requalificação dos viveiros da Barrinha, após um longo processo negocial com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que culminou numa candidatura bem-sucedida a fundos comunitários.
“Foi um processo demorado, mas que irá transformar completamente aquela zona”, explica o presidente do município, Raul Almeida. O autarca sublinha que foi preciso negociar a cedência da gestão dos viveiros com o ICNF e depois assegurar financiamento para a intervenção, através de uma candidatura ao Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).
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A comparticipação do FEAMP será de 301 mil euros, cabendo à Câmara de Mira assegurar a verba em falta. As obras arrancam num prazo de três meses, provavelmente ainda durante a época balnear, devendo ficar concluídas em dezembro.
O acordo com o ICNF só foi possível depois de o Governo ter aprovado, em Conselho de Ministros, o decreto que procede à exclusão e submissão de áreas ao regime florestal parcial, que alterou o fim de parcelas situadas no perímetro florestal das Dunas e Pinhais de Mira.
O decreto abriu ao município novas possibilidades de investimento na área do turismo, acertou os limites florestais do concelho (estabelecidos em 1917) e libertou 200 hectares de terrenos na freguesia do Seixo de Mira, para onde esteve previsto um novo empreendimento agropecuário, que não veio a concretizar-se.
Nos termos do protocolo assinado com o ICNF em junho de 2018, a autarquia assegurou, por dez anos, prorrogáveis por mais dois períodos consecutivos de cinco anos, a gestão dos antigos viveiros piscícolas e o Centro de Educação Ambiental da Barrinha de Mira.
Para aquela área, a autarquia planeou a construção de novos passadiços que facilitem a circulação, a limpeza de tanques e caminhos, a requalificação do centro ambiental, que ficará instalado numa estrutura existente que será ampliada. Esta “requalificação paisagística” deverá estar concluída no final do ano.
Um papel muito importante estará reservado para o centro ambiental, que terá um espaço de exposições e que deverá contar com o apoio dos pescadores de arte-xávega, que irão ensinar a reparar redes e partilhar experiências. O apoio científico do projeto será dado pela Universidade de Aveiro.
Os viveiros da Barrinha foram uma grande atração da Praia de Mira nas décadas de 50 a 70 do século passado, num período pré-parques aquáticos e oceanários, mas acabaram por encerrar no final dos anos 1990 devido ao desinvestimento da ICNF na conservação dos tanques e áreas de apoio.
Os viveiros ocupam uma área de 4,5 hectares, ao longo da Barrinha, sendo a parte poente destinada às maternidades de procriação de espécies e a parte nascente, na direção do mar, destinada ao crescimento e exibição das espécies.
Os viveiros piscícolas foram construídos na primeira década do século XX, após um processo de décadas liderado pela Universidade de Coimbra.
Na altura, a região ainda enfrentava focos de malária e por isso os viveiros serviram inicialmente para a criação do peixe-mosquito, uma espécie de peixe de água doce, também conhecido pelo nome genérico de gambúsia.
Oriundo da América do Norte, o gambúsia habita normalmente em águas doces paradas e pequenos ribeiros, mas também em água salobra, alimentando-se de larvas de mosquito, vermes e zooplâncton. Foi introduzido em Portugal em meados do século XIX pelas autoridades sanitárias para combater a malária.
RBF // SSS
Lusa/Fim
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