Educação
Ministro da Educação diz que ensino profissional não pode ser “via periférica”
O ministro da Educação defendeu hoje, em Monsaraz, que o ensino profissional não pode continuar a ser tratado como “uma via periférica e secundária”.
Numa sessão perante os 40 jovens universitários que participam no SummerCEmp, iniciativa da Representação da Comissão Europeia em Portugal, Tiago Brandão Rodrigues foi também questionado sobre o seu futuro político, respondendo: “Eu sempre me sinto motivado para servir, para fazer serviço público. Nunca disse que não quando me chamaram”.
O ministro socialista admitiu que “algo acontece no ensino profissional que não deve acontecer”.
E, depois de questionar os presentes, refletiu sobre “como é que em 40 [participantes] não há nenhum” que tenha feito o ensino secundário por via profissionalizante.
Tiago Brandão Rodrigues apontou o dedo por essa secundarização a “um conjunto de governos” anteriores e contestou: “É uma via de ensino de corpo inteiro”.
Além disso, garantiu, “as universidades estão ávidas de receber esses alunos”, sendo necessário “criar as condições” para isso acontecer.
“Só 13 a 14% desses alunos estão a seguir para as universidades”, notou, acrescentando: “Não podemos tratar de forma igual o que é verdadeiramente diferente”.
As instituições de ensino superior “têm de dizer aos ensinos básico e secundário que alunos querem e como os querem”, vincou.
Respondendo a perguntas dos participantes, o governante sublinhou que “as notas são sempre um indicador” a ter em conta, mas que importa adicionar “outros critérios”, como o voluntariado, por exemplo.
Ou seja, “um conjunto de outras competências deve ser salvaguardado”, porque são essas que darão aos estudantes “as ferramentas para fazer diferente” quando tentarem entrar no mercado de trabalho, acredita.
“Há um peso excessivo dos exames e da avaliação contínua, mas as regras são conhecidas de todos”, realçou.
“As instituições de ensino superior têm de começar essa discussão”, aconselhou, notando que nas universidades a regra tem sido “cada cabeça sua sentença”.
Porém, “não há igualdade de oportunidades e equidade à partida”, mas o que tem de existir “é uma igualdade de oportunidades à saída, tentando mitigar essa diferença” inicial.
Diferença que levará “cinco gerações para subverter o determinismo da condição social”, o ministro acredita na “escola como elevador social”.
Reconhecendo que Portugal ainda tem “um défice muito grande de qualificações”, Tiago Brandão Rodrigues assinalou que o país tem, também, “a taxa de abandono escolar mais baixa de sempre” (11,6% no ano passado, valor que já diminuiu para 10,6 no primeiro semestre deste ano).
Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’), o ministro português afirmou que “os planos de contingência têm de funcionar e foram preparados para funcionar”, e que tudo está a postos, em Portugal, para “uma transição suave” para uma Europa apenas a 27.
Admitiu, contudo, que o processo do ‘Brexit’ tem revelado surpresas com alguma irregularidade, de modo que “há que estar preparado”.
Perante um público nascido após a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, o governante recordou como “absolutamente fundamental” ter vivido em Espanha e no Reino Unido.
Os “Erasmus” começaram a aparecer quando estudava na universidade e Tiago Brandão Rodrigues fez o programa, recordando “a grande transformação” para Coimbra que representou receber estudantes estrangeiros. “Eles vinham em bandos, era a verdadeira revolução”, relatou.
Atualmente, “as instituições têm de se reconfigurar” face ao aumento significativo de estudantes estrangeiros em Portugal, considera o ministro, admitindo algumas “inquietações” face ao assunto.
“As nossas instituições de ensino superior, quando comparadas com outras, na Europa, têm uma qualidade alicerçada”, opinou.
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