Política
Ministra destaca importância da promoção de novas formas de trabalho para atrair e reter jovens
A ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, destacou hoje a importância da promoção de novas formas de trabalho na atração e retenção dos trabalhadores e sobretudo dos jovens no setor automóvel.
A ministra falava no encerramento da Conferência de Alto Nível para o lançamento do estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) “Conduzir a mudança: o futuro do trabalho no setor automóvel português”, que decorreu hoje em Lisboa.
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Referindo-se às principais conclusões do estudo, Ana Mendes Godinho apontou a necessidade de se promoverem formas de valorizar os trabalhadores, de valorizar os salários e de enquadrar novas formas de trabalho, para que possa ser possível “atrair e reter” os trabalhadores, sobretudo os mais jovens, num setor pressionado a mudar rapidamente pela evolução tecnológica e por regulamentações ambientais cada vez mais exigentes.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social destacou ainda o facto de o estudo apontar para a necessidade de se garantir “uma capacidade efetiva de formação e requalificação capaz de estar adaptada à rapidez e evolução necessária que esta indústria está a exigir”.
Neste contexto, lançou um repto ao setor no sentido de ser criado um programa de formação “focado neste futuro” do trabalho do setor automóvel, “desenhado à medida e em conjunto com a indústria” porque, precisou, “esse é o melhor caminho para antecipar tendências e necessidades” e para responder à “ambição de liderarmos nestas fileiras das novas formas de mobilidade”.
“Este estudo também aponta para a necessidade desta transição tecnológica e digital fazer parte ativa da contratação coletiva para garantir que se encontram soluções desenhadas à medida do setor”, disse a ministra para salientar o facto de a Agendo do Trabalho Digno (cuja proposta foi recentemente aprovada pelo Governo) procurar responder a vários dos problemas identificados no estudo, seja em termos de valorização dos jovens no mercado de trabalho, seja de combate à precariedade e valorização da contratação coletiva.
Antes, durante uma mesa redonda em que estiveram representantes das empresas e dos trabalhadores, tinham já ficado vários alertas na sequência das conclusões do estudo, com o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, a referir não concordar com a leitura de que a imprevisibilidade que rodeia o setor em Portugal “se possa resolver meramente com uma rigidez no quadro da empregabilidade”.
“Terá de haver flexibilidade com pontos de equilíbrios ajustando à evolução do mercado”, defendeu João Vieira Lopes, afirmando que “não diabolizamos o ‘outsourcing’, mas uma gestão de forma equilibrada face a outros modos de contratação”.
O presidente da CCP alertou ainda que a indústria automóvel portuguesa correr “um grande risco”, porque está assente em motores de combustão, pelo que “ou consegue reconverter-se e encontrar saídas ou poderá perder a médio e longo prazo a guerra”.
José Couto, presidente da AFIA – Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, que participou em representação da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), começou a sua intervenção com uma crítica ao estudo pelo facto de este ter deixado de fora a indústria de componentes.
Em causa estão, afirmou, 350 empresas (um terço das 1.100 que integram o ‘cluster’ da indústria automóvel), com 61 mil trabalhadores, que representam 16% das exportações portuguesas.
Centrando-se no estudo e no setor, José Couto sublinhou os milhões de empregos em risco a nível europeu com a tendência para a descarbonização que aponta para o fim dos motores de combustão.
Apontando a vertente salarial analisada no estudo, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, salientou o facto de este evidenciar que em média neste setor as mulheres ganham menos 320 euros de salário que os homens e também por Portugal ser o segundo país (apenas atrás da Hungria) em que a proporção dos custos com pessoal não chegar aos 10%.
Na vertente dos vínculos laborais, a líder da CGTP referiu que “a atividade no setor automóvel é marcada por um exército de trabalhadores que empresas de trabalho temporário asseguram à vez”, considerando que a Agenda do Trabalho Digno não dá resposta a estes problemas e alertando para o aumento das desigualdades.
Em representação da UGT, Rui Miranda, secretário-geral SINDEL (Sindicato Nacional da Indústria e da Energia), defendeu que Portugal tem de garantir que continua a ter produção automóvel, seja de elétricos, seja de híbridos.
Além disto, precisou o sindicalista, os desafios do setor automóvel vão além disto e passam por outras vertentes que não apenas a da valorização salarial, sendo também necessário olhar para a realidade dos jovens que valoriza cada vez mais a conciliação da vida pessoal com o trabalho.
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