Política
Ministra da Defesa vê “alguma fragmentação” na Rússia mas rejeita “diagnósticos apressados”
A ministra da Defesa considerou hoje que os acontecimentos na Rússia demonstraram “alguma fragmentação” mas rejeitou “diagnósticos apressados”, esperando que a cimeira da NATO demonstre, dentro do possível, que “o caminho da Ucrânia é o da área euro-atlântica”.
Helena Carreiras falava aos jornalistas a bordo do NRP Figueira da Foz, na Base Naval de Lisboa, situada em Almada, que regressou hoje de uma missão no âmbito das ‘Assurance Measures’ da NATO na Lituânia, com uma guarnição de 57 militares, aos quais agradeceu o serviço prestado.
Questionada sobre os acontecimentos na Rússia este fim de semana, com a rebelião do grupo mercenário Wagner, a governante manifestou preocupação, dizendo que “são situações muito voláteis” que têm de ser acompanhadas com muita atenção mas “sem diagnósticos apressados”.
“Temos que acompanhar, verificar o que se passa, do ponto de vista da Rússia há algumas movimentações, há alguma fragmentação mas sobretudo muita incerteza e, portanto, creio que o que temos que fazer é observar atentamente e reforçar a nossa posição de apoio à Ucrânia”, defendeu.
Helena Carreiras acrescentou que “muito provavelmente” as atuais circunstâncias estão relacionadas “com o facto de, para a Rússia, as coisas não estarem a correr como foram pensadas inicialmente”.
A governante foi interrogada sobre a cimeira da Aliança Atlântica que se realiza a 11 e 12 de julho, em Vílnius, capital da Lituânia, e sobre o que os aliados podem oferecer à Ucrânia após a declaração da cimeira de 2008, que abriu a porta a uma eventual adesão deste país e da Geórgia à NATO.
“O que eu espero sinceramente para a cimeira de Vílnius é que consigamos manter essa coesão e unidade no apoio à Ucrânia, e que se avance o que seja possível no afirmar de que o caminho da Ucrânia é o caminho da área euro-atlântica, e que todos os passos devem ser dados nesse sentido, que é aquilo que está a acontecer”, respondeu.
Sobre a guarnição que regressou hoje, e que foi recebida numa cerimónia que contou com a presença do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo, Helena Carreiras considerou que estes militares contribuíram para o reforço da credibilidade de Portugal “como parceiro fiável da Aliança Atlântica”.
A governante destacou a importância destas missões num contexto “de desafios securitários” relevantes, em que o reforço da NATO “está em cima da mesa”, considerando que este é um dos temas principais da cimeira em Vílnius.
“Estamos a participar ativamente neste esforço coletivo da Aliança de revisão do seu modelo de forças, para o reforço da dissuasão e defesa coletiva da Aliança Atlântica e a fazê-lo com brio e profissionalismo, tal como aconteceu com a fragata Bartolomeu Dias, que chegou no domingo, e hoje o NRP Figueira da Foz”, afirmou.
A NRP Figueira da Foz foi o primeiro Navio Patrulha Oceânico português a realizar uma missão no Báltico e regressou hoje após 35 dias de missão na Lituânia, num total de 438 horas de navegação.
Nesta força foram integrados um destacamento de mergulhadores sapadores com capacidade de inativação de engenhos explosivos, uma equipa militares operadores de sistemas aéreos não tripulados e uma equipa médica.
Os mercenários do Grupo Wagner realizaram no fim de semana uma rebelião armada de 24 horas, liderada por Prigozhin, durante a qual tomaram a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e avançaram até 200 quilómetros de Moscovo.
A rebelião terminou com um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.
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