Mergulho por pescador desaparecido foi o mais profundo realizado pela Marinha
As operações de mergulho realizadas hoje para vistoriar a embarcação de pesca naufragada a 80 metros de profundidade ao largo da Figueira da Foz, foram as mais profundas alguma vez efetuadas pela Marinha portuguesa, em situação real.
“Nunca tinham sido realizados mergulhos numa missão real tão ao limite como os que foram realizados hoje. Mais do que isto não nos é possível fazer, foi o máximo possível”, disse aos jornalistas o tenente Jorge Luz, elemento da equipa de dez mergulhadores da Armada que participou nas buscas pelo pescador ainda desaparecido na sequência do naufrágio da embarcação de pesca ‘Veneza’.
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O mergulhador explicou que os mergulhos planeados a 81 metros – a profundidade máxima possível com os equipamentos de que a Marinha dispõe – têm a duração de 15 minutos, “entre a saída da superfície até largar o fundo” do mar, sendo que os mergulhadores apenas podem ficar cerca de 10 minutos na embarcação afundada.
Antes de regressarem ao navio hidrográfico ‘Almirante Gago Coutinho’, os mergulhadores tiveram de cumprir uma etapa de “descompressão efetiva, dentro de água”, com 30 a 40 minutos de duração, a que se segue cerca de uma hora no interior da câmara hiperbárica transportada pelo navio de investigação científica.
Hoje foram realizados dois mergulhos, cada um com uma equipa de dois mergulhadores, com o objetivo de verificar se o pescador ainda desaparecido se encontrava no interior da embarcação, o que não se confirmou.
Jorge Luz explicou que no fundo do mar, a 80 metros de profundidade – o equivalente à altura de um prédio de 27 andares – “apesar de estar escuro, com recurso a lanternas a visibilidade era muito boa” e foi possível aos mergulhadores verificar o interior da casa do leme.
“Estava tudo o que normalmente está numa cabine de navegação , computadores, dossiers, luvas de pesca, mas mais nada foi encontrado”, frisou.
Os mergulhadores efetuaram ainda uma “verificação exaustiva” da ré da cabine e outros compartimentos da embarcação de pesca de nove metros, constatando a “ausência de qualquer corpo” no navio de pesca.
Em conferência de imprensa a bordo do ‘Gago Coutinho’, que hoje aportou na Figueira da Foz, o porta-voz da Armada, Pedro Coelho Dias disse que as buscas pelo pescador desaparecido terminaram no fundo do mar e vão continuar em terra, nos próximos dias, com um “esforço de patrulha reforçado” entre Aveiro e Peniche na eventualidade do corpo do pescador dar à costa.
Pedro Coelho Dias frisou que os meios da Marinha – quer os tecnológicos, como o sonar de varrimento lateral que encontrou a embarcação naufragada ou o veículo subaquático controlado remotamente, que permitiu recolher imagens no fundo, quer os mergulhadores – recolheram “toda a informação possível” para concluir, por um lado, que o mestre do ‘Veneza’ não se encontra no interior do arrastão e, por outro, que a embarcação não foi abalroada aquando do naufrágio.
“O que vimos no fundo do mar, vimos e revimos e reconfirmámos, é que a embarcação está tombada, não está partida ao meio, não tem nenhum rombo, está intacta e tem as redes enroladas na parte traseira”, reafirmou Pedro Coelho Dias.
Na ocasião, o porta-voz da Marinha expressou a “solidariedade” da instituição aos familiares dos quatro tripulantes da embarcação naufragada e destacou a ação dos 125 operacionais da Marinha (a bordo da corveta João Roby e navio hidrográfico Gago Coutinho), das estações salva-vidas de Aveiro, Figueira da Foz, Nazaré e Peniche, da Autoridade Marítima e da Força Aérea Portuguesa nas buscas realizadas nos últimos seis dias.
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