Economia
Mercado de trabalho “vai ser diferente” após pandemia
O distanciamento social imposto pelo covid-19 obrigou o português Filipe Nogueira, gestor de vendas nos EUA, a fazer alterações para garantir a segurança dos trabalhadores e o responsável acredita que o trabalho remoto vai passar a ser mais frequente.
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“O mercado de trabalho vai ser diferente depois desta pandemia”, afirmou o gestor português, que é vice-presidente de finanças e operações de vendas na divisão de vendas da Wonderful, empresa do setor alimentar.
“Vai haver uma maior percentagem de trabalho que pode ser realizado remotamente e vai fazer alguma mudança do que é o paradigma hoje”, considerou o responsável, que reside em Los Angeles.
A Wonderful detém várias marcas conhecidas dos consumidores norte-americanos, como as água FIJI e as tangerinas Halos, estando por detrás também dos sumos de romã POM Wonderful e dos Wonderful Pistachios.
Por ser “uma empresa gigantesca, com muitas operações completamente diferentes” que vão desde a manutenção das quintas e das fábricas até ao suporte dos clientes que é feito nas lojas, a Wonderful tem em curso várias estratégias para fazer face à pandemia covid-19.
“A primeira abordagem foi sempre garantir que punhamos em funcionamento procedimentos para garantir que os nossos funcionários estavam o mais protegidos possível”, explicou Filipe Nogueira. Na sua divisão, os vendedores passaram todos para trabalho remoto e outros trabalhadores estão em casa a fazer tarefas administrativas e a usar o tempo de pausa para formações, melhoria contínua e otimização de processos.
“Está a funcionar, estamos a adaptar-nos”, disse o responsável, que já tinha uma equipa a fazer algum teletrabalho antes da pandemia, o que facilitou a transição.
Nas operações onde o trabalho remoto não é possível, como a apanha de tangerinas, as medidas postas em funcionamento incluem controlo sanitário apertado nas fábricas e quintas e “colocam pressão” na cadeia de produção, mas a empresa prevê manter tudo a funcionar o melhor possível.
Até porque a situação levou a um aumento das vendas, que “têm estado significativamente melhores que no ano passado”, explicou Filipe Nogueira. A empresa produz alimentos considerados essenciais e as suas características favorecem o consumo.
“Os nossos produtos são percecionados como saudáveis pelo público”, indicou o responsável, referindo as tangerinas Halos com vitamina C e o sumo de romã com componentes antioxidantes. “Temos tido um benefício em termos de procura”.
Filipe Nogueira está neste cargo há cerca de ano e meio, depois de seis anos na consultora McKinsey, com a qual fez projetos em Lisboa e Luanda e acabou por se transferir para os Estados Unidos.
Formado em biologia e com um MBA, a transição para a Wonderful aconteceu numa altura em que o português procurava um trabalho diferente que lhe permitisse viajar menos e aproveitar melhor a cidade de Los Angeles, que é “imbatível” no acesso a atividades ao ar livre.
Aos 37 anos, Filipe Nogueira disse pretender ficar na cidade do sul da Califórnia, onde recebe todos os meses um carregamento de bacalhau vindo da família, que está ligada à restauração. É uma componente que faz falta em Los Angeles, apesar da diversidade de opções culinárias na cidade.
“Todas as minhas memórias revolvem à volta da comida, de alguma forma, sempre à volta da mesa”, comentou, acrescentando: “A comida é central em termos de cultura e atividade cultural para os portugueses”.
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