Crimes
Menina de 3 anos morta em Setúbal foi “abanada dezenas de vezes e atirada contra uma superfície dura”
O médico-legista que analisou o corpo de Jéssica, a menina de 3 anos morta e torturada em Setúbal, falou em tribunal para revelar o crime brutal de que esta criança foi vítima.
Apresentava lesões provocadas em dias diferentes e várias partes do corpo, inclusive na zona púbica, disse Ferreira dos Santos, para concluir que foi agredida selvaticamente.
“Atiraram-na contra a parede ou contra o chão até se calar”, relatou o perito. “Quando lhe arrancaram o cabelo, a criança já estava moribunda, não tinha capacidade para o corpo regenerar. (…) Tinha lesões múltiplas nas orelhas, puxaram-lhas várias vezes com violência”, reforçou. Mas foram as lesões na cabeça que chocaram todos os que assistiram a esta audiência de julgamento, que senta no banco dos réus cinco arguidos: o casal e dois filhos, na casa do qual ficava a criança, deixada pela mãe, Inês, que também se senta no banco dos réus. Respondem todos por homicídio qualificado, menos o filho do casal, informa o Correio da Manhã.
“Parece que andaram a jogar à bola com a cabeça da criança”, disse a testemunha. Para que não restassem dúvidas sobre o ocorrido, o juiz perguntou “o que é que matou a Jéssica?”, ao que o perito respondeu: “Foi, sem dúvida, o facto de a criança ter sido abanada dezenas de vezes e atirada contra uma superfície dura. (…) Morre-se dos abanões, mas aqui há abanões e traumatismos cranianos”, afirma Ferreira Santos, que desfez uma dúvida que tem acompanhado este julgamento.
Se fosse socorrida logo, Jéssica poderia ter sobrevivido? “Era quase impossível. A medicina podia tentar que ela vivesse, mas as sequelas seriam muito graves”, afiançou o perito. “Este é o quadro mais grave que eu vi nos últimos anos. Quem fez isto, foi com intenção de lesar”, disse.
Inês Tomás, a mãe de Jéssica, quer afinal quebrar o silêncio e prestar declarações no processo em que está a ser julgada pelo homicídio da filha. Na primeira sessão, quando foi questionada pelo juiz, disse que não queria falar. Mas ontem mudou de ideias. A intenção foi comunicada ao juiz ainda antes de o perito médico-legista ser ouvido. Inês vai falar sem a presença dos restantes arguidos na sala de audiências. O depoimento está marcado para a manhã de hoje, 5 de julho.
“A criança tem lesões de defesa, tem lesões no braço direito. Ela a defender-se pôs a mão à frente”, referiu o perito, que antes de começar a falar quis deixar claro que, devido à gravidade do caso, fez questão de prestar declarações presencialmente – na frente dos arguidos e não por videoconferência.
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