Médicos dizem que Ministério da Saúde perdeu a capacidade de gerir os recursos humanos do setor
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) acusa o Ministério da Saúde de ter “dois pesos e duas medidas” uma vez que, para alguns hospitais e centros de saúde permite a contratação de médicos fora do âmbito dos concursos normalmente previstos e, para outros casos, não autoriza esse procedimento.
Somando a essa situação incongruente, continua a protelar os concursos dos 710 médicos recém-especialistas (dos quais 234 médicos da região Centro) que concluiram o internato de especialidade em 2017. E, recentemente, permitiu um “vergonhoso processo concursal manchado de ilegalidade”, em que médicos sem especialidade podem substituir Médicos de Família, acrescenta a estrutura liderada por Carlos Cortes.
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Para conhecer a realidade, a SRCOM contactou os 234 médicos da região Centro que concluiram o internato de especialidade no ano passado, quer através de correio eletrónico quer por telefone. Os resultados demonstram o estado atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a desesperança destes recursos humanos de excelência: 65% ainda aguardam por concurso; 6% abandonaram o SNS e estão no setor privado; 28% foram colocados através de contratação direta. Nove em cada 10 médicos opõe-se frontalmente à proposta do ministro da Saúde para a fusão dos dois concursos previstos para 2017 e que ainda não se realizaram.
“O Ministério da Saúde está a criar uma selva, sem regras e sem critérios. Há hospitais e centros de saúde com situações muito críticas”, acusa o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.
Na opinião de Carlos Cortes, além de “desrespeitar os concursos normalmente programados, o Ministério da Saúde está a privilegiar alguns hospitais sem qualquer critério, criando assim uma situação de gritante desigualdade entre unidades de saúde e entre médicos – uns, esperando por um concurso que nunca mais surge e, outros, já com um contrato de médico especialista”.
Conclui: “o Ministério da Saúde é o primeiro a prevaricar e introduzir inequidade entre unidades de saúde. Fica assim demonstrada a total incompetência do Ministério da Saúde na gestão dos recursos humanos, área sem a qual é impossível levar a cabo um adequado desempenho do Serviço Nacional de Saúde”.
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