Médicos
Médicos baratos e feitos à pressão
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) considerou hoje, em Coimbra, que a proposta do Ministério da Saúde de alteração do regime jurídico do internato médico pretende criar “médicos baratos e feitos à pressão”.
A proposta do Ministério da Saúde, que, segundo a secção regional, é “inédita, vergonhosa e confusa”, visa retirar “competências da Ordem na formação dos médicos”, “encurtar o tempo de formação do médico” e “aumentar o número de médicos indiferenciados”, explicou Carlos Cortes, presidente da SRCOM.
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“O diploma favorece médicos indiferenciados e sem especialidade, e o que este país precisa é de médicos com especialidades médicas”, defendeu Carlos Cortes, considerando que, no dia em que o documento for aprovado, “passa a ser o fim do Serviço Nacional de Saúde” como este é conhecido.
A formação dos médicos em Portugal “é de excelência e as próprias recomendações da União Europeia foram criadas consultando os programas de formação portugueses”, sublinhou o presidente da SRCOM, rejeitando a proposta de se “retirar a supervisão da Ordem dos Médicos na formação de médicos especialistas”.
É também proposto pelo Ministério da Saúde “o encurtamento de um ano na formação, sem que haja uma verdadeira alternativa”, referiu Carlos Cortes, que falava numa conferência de imprensa ao final da tarde de hoje, na sede da secção regional, em Coimbra, e que terminou por volta das 20:00.
Carlos Cortes sublinhou ainda que a proposta vem “agravar o número de médicos sem formação especializada”, numa altura em que “os médicos indiferenciados são residuais”.
A SRCOM vai “delinear um caminho para contestar as medidas do Ministério, por esta proposta ser perigosa para os próprios doentes”, e com “consequências nefastas para os cuidados de saúde”, assegurou, salientando que a Ordem “tudo fará” para impedir a alteração do regime jurídico do internato médico.
Sérgio Esperança, do Sindicato dos Médicos da Zona Centro, também presente na conferência, frisou que o aumento de médicos indiferenciados “leva a um decréscimo da capacidade de atendimento dos doentes” e à “criação de mão-de-obra barata, favorável às empresas que se estão a implementar no terreno”.
“Isto é inadmissível. A formação médica, que é exemplar, está a ser alvo de um ataque que vai diminuir a capacidade dos futuros profissionais”, criticou.
A SRCOM promove ainda hoje uma reunião com médicos da região, juntamente com as faculdades de medicina da zona Centro e associações de estudantes das mesmas faculdades, entre outras entidades, de forma a dar a conhecer a proposta do Ministério de Saúde e a discutir qual “o caminho seguir”.
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