Coimbra

“Medicamento da moda” está em falta nas farmácias de Coimbra

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 37 minutos atrás em 17-01-2025

As farmácias portuguesas venderam, em média, mais de 33 mil embalagens mensais de semaglutido, o princípio ativo do Ozempic, em 2024. Nas farmácias de Coimbra sente-se a falta deste medicamento.

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O NDC visitou várias farmácias para confirmar se o Ozempic está em falta ou não. Em 2024 foi caótico, com lista de esperas.

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Na farmácia Vilaça, na Rua Ferreira Borges, o diretor técnico deste espaço refere que este medicamento “teve muita procura […] não só de portugueses, mas também de cidadãos estrangeiros, com receitas perfeitamente válidas. A solicitação é grande”.

Amadeu Carvalho explica que “não têm capacidade de dar resposta a qualquer lista de espera”. Prevê que “2025 vai ser complicado”.

De referir que o Ozempic custa cerca de 100 euros, mas o utente paga uma média de 10, uma vez que é comparticipado pelo Estado.

Este medicamento, inicialmente indicado para o tratamento de diabetes tipo II, tornou-se popular devido aos seus efeitos na perda de peso.

O aumento da procura, no entanto, tem gerado escassez no mercado, com listas de espera e até rutura de stock durante o verão passado.

Na Rua da Sofia, a Farmácia Luciano e Matos conta com uma lista de espera que já ultrapassa os 50 utentes, evidenciando a grande procura pelo medicamento.

Por outro lado, a Farmácia Rodrigues e Silva, também na Baixa, adotou uma abordagem diferente: desistiu de organizar uma lista de espera extensa e passou a garantir o medicamento apenas para um número reduzido de pessoas, atualmente 11 utentes.

Essa disparidade na gestão reflete não apenas a escassez do produto, mas também as tentativas das farmácias de atender às necessidades dos clientes de maneira mais eficiente ou controlada.

Segundo dados do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento), as vendas de semaglutido cresceram 10,7% face a 2023, o que tem levado a um agravamento da situação.

Além do Ozempic, outros medicamentos do mesmo grupo terapêutico, como o Trulicity (dulaglutido) e o Victoza (liraglutido), também estão a ser afetados pela elevada procura, em grande parte impulsionada pelo uso para emagrecimento, apesar de não ser essa a sua indicação aprovada.

A crescente utilização destes medicamentos por pessoas sem diagnóstico de diabetes, mas com o objetivo de perder peso por razões estéticas, tem contribuído para a escassez generalizada, afetando não apenas Portugal, mas também outros países da União Europeia, escreve o Executivedigest.

A Agência Europeia de Medicamento (EMA) já emitiu alertas sobre os riscos para a saúde pública, devido ao aumento de prescrições não autorizadas para fins estéticos.

Em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comparticipa em 90% os medicamentos desta classe, mas apenas para quem tenha diabetes tipo II mal controlada e um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 35, ou seja, para pessoas com obesidade moderada a grave.

Entre janeiro e outubro de 2024, o SNS gastou mais de 342 milhões de euros com medicamentos antidiabéticos, um quarto (24,6%) de toda a despesa pública com fármacos. Só o Ozempic representou 33 milhões de euros, um aumento de 7% face ao mesmo período de 2023, e é já o quinto medicamento mais dispendioso entre todos os fármacos.

O Infarmed alertou que a escassez de semaglutido e medicamentos similares deverá continuar em 2025, devido à alta procura e à limitação da capacidade de produção.

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