“Máscaras” de Lorca no Teatro da Cerca de São Bernardo
Um projeto que junta artistas de França, Portugal, Espanha e Costa Rica estreia em Coimbra “Público x Lorca”, um espetáculo que pega na obra “irrepresentável” de Federico García Lorca e faz uma viagem pela vida do autor espanhol.
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O projeto tem como base a obra “O Público”, de Federico García Lorca – que o próprio escritor considerava ser uma peça “irrepresentável” – e mistura-a com a biografia do dramaturgo e poeta, para falar das suas máscaras, mas também das máscaras de hoje, tendo como ponto de partida a “falsidade absurda da vida contemporânea”, explica o projeto internacional, apresentado hoje em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo.
“Público x Lorca”, que conta com o apoio do IBERESCENA (programa de apoio às artes no contexto ibero-americano), vai estar em exibição no TCSB a 16, 17 e 18 de novembro, disse à agência Lusa Rafaela Bidarra, atriz que participa na peça e que pertence à equipa do projeto.
O espetáculo parte do texto “O Público”, mas não o segue na íntegra, misturando-o “com a vida do próprio Lorca, principalmente com a sua morte [o escritor foi morto pela ditadura franquista, em Espanha]”, explanou.
Em palco, vão estar três atores a interpretar 39 personagens, numa viagem não apenas pela vida e “pelas máscaras” de Lorca, mas também num percurso entre “um teatro mais tangível, mais imediato, para um teatro mais no abstrato, mais físico – aquilo a que Lorca chamaria de teatro de baixo da areia”, sublinhou Rafaela Bidarra.
A peça, para além de deambular entre o português e o castelhano, também vai misturar linguagens cénicas, trabalhando com máscaras e com dança Butoh, contou.
Segundo a atriz, “O Público” é “uma obra metateatral, mostrando as várias máscaras do ator, que o próprio Lorca enfrentava na vida que viveu em Espanha, as máscaras que tinha que pôr para sobreviver”, mas também que conta a própria transformação do escritor, após a viagem que fez até aos Estados Unidos da América.
“Nesta obra, o autor espanhol tenta renovar-se e renovar o teatro da sua época, falando sobre o desejo, a mentira e a liberdade, numa linguagem surrealista que se mantém ambígua, sobre o que poderão ser alucinações ou ‘realidades dramáticas'”, explica o projeto, na nota enviada à agência Lusa.
Os espetadores poderão encontrar “uma reinterpretação d’O Público relevante e atual, alimentada pela experiência e interculturalidade da equipa, mas acima de tudo honesta e comprometida, onde as emoções, ações e formas são as protagonistas do trabalho, com o corpo como ferramenta principal e o texto como inspiração e não como regra”, resume a equipa.
O espetáculo é dirigido pelo espanhol Matilde Javier Ciria e interpretado pelo costa-riquenho Arturo Campo, o espanhol Eduardo Retamar e a portuguesa Rafaela Bidarra.
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