Saúde

Marketing digital de alimentação infantil não cumpre requisitos nutricionais

Notícias de Coimbra com Lusa | 7 meses atrás em 18-05-2024

A “maioria das grávidas e mães” portuguesas estão expostas ao marketing digital de produtos para alimentação complementar dos bebés, 73% não cumprem os requisitos nutricionais definidos pela OMS.

A conclusão consta de um estudo divulgado este sábado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a exposição de grávidas e mães à publicidade digital de substitutos do leite materno e de produtos para alimentação complementar.

De acordo com o documento, a que a agência Lusa teve acesso, o marketing de substitutos do leite materno e de produtos para a alimentação complementar de bebés tem sido apontado como “um dos determinantes da baixa prevalência de aleitamento materno exclusivo até aos seis meses”.

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Este fator assume relevância em Portugal, onde os dados mais recentes mostram que a prevalência de aleitamento materno exclusivo até aos seis meses, como recomendado pela OMS, é de apenas 22%, refere o estudo da DGS.

Cerca de “73% dos produtos para alimentação complementar não cumprem os requisitos do Nutrient Profile and Promotion Model da OMS e, embora a maioria dos produtos sejam destinados a crianças com mais de seis meses, 19% dos produtos apresentam uma idade indicada para consumo inferior a seis meses”, alerta o documento.

“A grande conclusão deste estudo é que a maioria das grávidas e mães estão expostas à publicidade de substitutos do leite materno e alimentos para bebés”, salientou a diretora do Programa Nacional para a Alimentação Saudável (PNPAS) da DGS.

Maria João Gregório disse à Lusa que as conclusões são motivo de preocupação, tendo em conta que a recomendação em vigor para os primeiros seis meses é o aleitamento materno exclusivo e, depois, a sua manutenção de forma complementar até aos 24 meses.

“Existe evidência (prova) que, de facto, estas estratégias [de comunicação comercial] também têm um papel importante nas taxas de aleitamento materno que temos no nosso país, um indicador que tem um valor nada satisfatório”, realçou.

Segundo Maria João Gregório, a decisão das mães amamentarem de forma exclusiva até aos seis meses é determinada por múltiplos fatores, mas um outro estudo mostrou que as mulheres “expostas a técnicas de marketing de substitutos do leite maternos, como por exemplo o acesso gratuito a amostras ou a descontos, têm maior probabilidade de deixarem de amamentar”.

“Devemos estar atentos a esta questão e ter um conjunto de medidas que possam promover o aleitamento materno”, alertou a diretora do programa nacional da DGS para a alimentação saudável, ao reconhecer que é “muito mais difícil regular e fiscalizar” a publicidade deste tipo de produtos em plataformas digitais.

Os resultados apresentados neste relatório “sugerem a necessidade de implementar algumas ações que visem reduzir e/ou melhorar a comunicação comercial digital dos substitutos do leite materno e dos alimentos para alimentação complementar de lactentes e crianças pequenas”, conclui o estudo.

Das ações a implementar, o documento destaca a análise do enquadramento legal existente e as suas respetivas fragilidades por comparação com o disposto no Código Internacional do Marketing dos Substitutos do Leite Materno e do modelo de lei da OMS para a regulação do marketing dos substitutos do leite materno e dos alimentos para a alimentação complementar.

Além disso, propõe um guia e realização de ações de sensibilização sobre boas práticas de comunicação comercial no meio digital dirigido para criadores de conteúdo digital, em parceria com a Direção-Geral do Consumidor, com o objetivo de sensibilizar para o cumprimento do referido código e enquadramento legal.

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