Coimbra
Mário Santos deixa Federação de Canoagem, COP e chefia de missão Rio2016
Mário Santos vai deixar a presidência da federação de canoagem, a vice-presidência do Comité Olímpico de Portugal e a chefia de missão portuguesa ao Rio2016, por “incompatibilidade das exigências crescentes” com a sua “vida pessoal e profissional”.
“O contínuo e desejável crescimento da cada vez mais bem-sucedida canoagem portuguesa conduz a um inevitável aumento das obrigações e compromissos do presidente da Federação, exigindo uma ainda maior disponibilidade e dedicação. Essa absoluta necessidade e clara evidência resultam em completa incompatibilidade com a minha vida pessoal e profissional atual, também ambas com exigências crescentes”, diz.
Em documento enviado à Agência Lusa, o dirigente informa que “esta incompatibilidade estende-se às funções no Comité Olímpico de Portugal, nomeadamente a chefia de missão (aos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro)”, ele que já havia sido o chefe da missão lusa aos Jogos de Londres, em 2012.
“Esta função exige uma dedicação quase exclusiva, a qual neste momento, e pelos motivos supracitados, manifestamente não consigo garantir”, justifica.
Mário Santos recorda ter sido sempre fiel ao “compromisso” de não ser remunerado em qualquer dos vários cargos desempenhados: “Foram nove anos de total e completa dedicação, com claros e evidentes prejuízos financeiros e familiares”.
“A minha mulher e as nossas três crianças sempre se sacrificaram em função da minha paixão e compromissos assumidos no desporto. Está na hora de, em fase tão importante do seu crescimento, lhes dedicar a atenção devida, zelar pelo futuro dos que estão à nossa responsabilidade”, assume.
O dirigente recorda que não vive imune à “situação económica do país”, pelo que se vai dedicar à advocacia – “foi sempre a única fonte dos meus rendimentos” – para “garantir o bem-estar familiar”.
Em relação, especificamente, à federação de canoagem, entende que uma menor disponibilidade conduziria à não concretização dos objetivos, pelo que entende não ter “alternativa”, assumindo ser “hora de devolver à modalidade, de forma democrática, as rédeas do seu destino”, em forma de eleições.
“Faço-o com grande mágoa, imenso pesar – todos conhecem a minha paixão pela modalidade, à qual sempre estive ligado -, mas também com um sentimento de realização, enorme orgulho e agradecimento pela oportunidade que me foi concedida”, diz o antigo atleta e agora dirigente.
O presidente recorda que 76 das 97 medalhas da canoagem em europeus e mundiais foram conquistadas “nos últimos nove anos” – 13 das quais em 2013 -, pelo que estão criadas condições para a canoagem aspirar a “duas ou três medalhas no Rio2016”.
A concretização do Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho, a criação da residência Universitária, a nova sede da federação e a organização de três Campeonatos da Europa e dois Campeonatos do Mundo, entre a pista e maratonas, são outras “medalhas” relembradas.
O advogado de 41 anos também destaca a “situação financeira de insolvência técnica” que herdou no fim de 2004, tendo “uma dependência financeira do Estado reduzida de 100 por cento para apenas cerca de metade”.
Mário Santos refere-se à canoagem como “exemplo de excelência” em Portugal e agradece ainda “a forma elegante e solidária” como a sua direção e o presidente do COP, José Manuel Constantino, “compreenderam e aceitaram esta decisão, que a ninguém custa mais” do que a si próprio.
“Sei que este não é um adeus, mas um simples “até um dia”. O desporto está no meu ADN”, conclui.
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