Educação

Mário Nogueira  diz que problemas da escola pública não se resolvem com o “ventilador” dos fundos

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 05-10-2020

O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) defendeu hoje que os problemas da escola pública não se resolvem com a municipalização nem através de uma ligação ao “ventilador” dos fundos comunitários, sob pena de esta ficar nos “cuidados intensivos”.

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“Só com financiamento público adequado será possível resolver os problemas da escola pública que perdurando há anos se tornaram estruturais. Não é verdade que esses problemas se resolvem com a municipalização da educação. E também não é verdade que o futuro se projete com ligação direta e vital ao ventilador dos fundos comunitários. Se for esse o caminho não tarda teremos a escola pública nos cuidados intensivos”, disse Mário Nogueira.

O líder da Fenprof, que falava no Porto no encerramento das comemorações do Dia Mundial do Professor perante centenas de pessoas, prometeu “exigir as políticas de investimento que têm faltado a Portugal”, país cujo “financiamento público da educação está abaixo da média dos países da OCDE desde 2017”, acrescentou.

“Exige-se que Portugal atribua à Educação um financiamento público que corresponda a 6% do PIB [Produto Interno Bruto] como recomendam as instâncias internacionais (…). Há que garantir que à educação é garantido um financiamento adequado. Ainda mais agora que urge recuperar de défices provocados pelo encerramento das escolas e o recurso a uma solução de emergência”, disse Mário Nogueira.

O líder da Fenprof também mostrou preocupação com a atratividade à atividade docente, lembrando que “há jovens que gostam, mas não escolhem e muitos dos que escolheram já foram embora” e avançando que em breve Portugal poderá vir a ter “um grande problema de falta de docentes, o que fará o país retroceder décadas na qualidade da educação e do ensino”.

“Hoje, 05 de outubro, menos de um mês depois do início das aulas, já há 30 grupos de recrutamento em que faltam professores. São já 803 docentes que 148 técnicos especializados”, referiu Mário Nogueira, apontando que o pódio das necessidades vai para a informática, a geografia e o inglês, bem como para os distritos de Lisboa, Setúbal e Faro.

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“Esta geração tem sido a mais desrespeitada nos últimos 46 anos de democracia. O respeito e a valorização serão decisivos para que esta profissão atraia jovens e mantenha os que cá estão (…) É legitimo que os professores exijam medidas que permitam o rejuvenescimento da profissão”, disse Mário Nogueira.

De acordo com o secretário-geral, apenas 0,5% dos docentes atuais tem até 30 anos e 54% está acima dos 50, isto numa profissão cuja taxa de precariedade ronda os 17,6%.

“Não faz qualquer sentido quando sabemos que mais de metade dos atuais docentes contratados estão a dar resposta a necessidades permanentes”, concluiu Mário Nogueira, anunciando, por fim, que quinta-feira entregará aos vários partidos e ao Ministério da Educação propostas para o Orçamento do Estado de 2021.

As comemorações do Dia Mundial do Professor fazem-se este ano nas ruas, mas também com transmissões em direto para que mais docentes possam acompanhar as iniciativas que se realizam hoje um pouco por todo o país.

Hastear de bandeiras em várias escolas do país, concertos em direto e diferido e debates transmitidos através da internet foram algumas das atividades escolhidas pelas maiores estruturas sindicais portuguesas para homenagear os docentes no Dia Mundial do Professor, que se celebra em todo o mundo.

Menos de um mês após o arranque do novo ano letivo, marcado pela pandemia de covid-19, os professores voltam hoje a apelar ao Governo para a importância de valorizar a carreira docente e pedir melhores condições de trabalho.

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