Justiça
Mário Ferreira acusa Ana Gomes de dizer patetices sobre si e diz esperar que ela “se trate”
O empresário Mário Ferreira acusou hoje Ana Gomes de dizer “patetices, tantas e permanentes” sobre si, que espera que ela seja condenada e “ganhe juízo”, desejando que a ex-eurodeputada “se trate”.
À saída do Tribunal do Bolhão, onde decorreu hoje a primeira sessão de um julgamento em que Ana Gomes está acusada de um crime de difamação a Mário Ferreira por alegadamente o ter ligado ao narcotráfico, em declarações aos jornalistas, o advogado do empresário salientou que só haverá acordo se a ex-candidata a Presidente da República “retirar a acusação e se retratar”.
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Em 2021, Ana Gomes publicou na sua página da rede social Twitter, hoje denominada X, um comentário alusivo a uma notícia do jornal Expresso sobre o investimento de Mário Ferreira numa empresa de aviação, afirmando que o empresário do Porto pretendia “emular” a OMNI Aviação e Tecnologia, companhia que viu ser apreendidas 500 quilos num avião seu proveniente do Brasil.
“Esperemos que seja condenada e que ganhe juízo e não continue a fazer falsas declarações e mentiras, como é seu hábito. As patetices são tantas e permanentes que eu já não sei se alguém consegue levar a sério a senhora. Eu disse que ela sofre do síndrome de húbris e que se trate, é o que eu espero da senhora, que já teria idade para ter juízo”, afirmou Mário Ferreira à saída do tribunal.
Questionado sobre se haveria possibilidade de as partes chegarem a um acordo, algo sugerido pelo juiz que apelou a “alguma imaginação” dos advogados no final da sessão de hoje, o advogado de Mário Ferreira não colocou essa hipótese de lado mas impôs condições.
“Há uma forma muito simples de fazer o acordo, alguém faz uma imputação falsa, retira-a e o acordo está feito. Mas retira-a mesmo, não pede desculpa, diz que não tinha intenção, enganou-se, não. Retira e retrata-se”, disse Rui Patrício.
Segundo o advogado, o que está em causa neste processo é simples: “É uma calúnia sobre narcotráfico na aviação privada, o resto é fogo-de-vista, é a estratégia habitual que é de baralhar para tentar distrair”, defendeu.
Momentos antes, igualmente à saída daquele tribunal, Ana Gomes explicou, à semelhança do que fez durante o seu depoimento desta manhã, que não quis acusar Mário Ferreira de tráfico de droga, mas sim de branqueamento de capitais.
“Não estava a atribuir nenhuma ligação ao tráfico de droga, estava sim a levantar suspeitas de que [Mário Ferreira] seja um testa de ferro de investidores desconhecidos e que é isso que lhe permite que tenha feito investimentos vultuosos em vários setores”, afirmou aos jornalistas.
A ex-eurodeputada admitiu, no entanto, que pode ter sido mal interpretada, negando que se excedeu: “Não admito que me tenha excedido, admito que tenha outras interpretações mas a minha interpretação mantenho-a e disse-o com toda a candura e toda a verdade”.
A depor em julgamento, Ana Gomes acusou Mário Ferreira de ser “testa de ferro de investidores desconhecidos” em ações de branqueamento de capitais e que teria sido por isso que se envolveu no setor da aviação.
“Eu levantei questões que se prendem com o conhecimento que eu tenho da falta de controlo nos aeroportos e aeródromos relativamente a voos civis privados. Eu queria alertar para a possibilidade de os aviões civis privados, por causa da falta de controlo, se prestarem a todo o tipo de criminalidade, nomeadamente o branqueamento de capitais”, voltou a explicar já fora do tribunal.
A também ex-diplomata lembrou que Mário Ferreira é arguido numa investigação de fraude fiscal e branqueamento de capitais: “Eu afirmei foi a relação de uma empresa que o senhor Mário Ferreira tinha para jatos privados (…) e que operava um avião, que ele comprou com o dinheiro que levou para a empresa em Malta referente à venda do navio Atlântida, que está a ser investigada por fraude fiscal e branqueamento de capitais”.
Este é o quarto processo que envolve Mário Ferreira e Ana Gomes, sendo que a ex-eurodeputada foi em setembro condenada a pagar uma multa de 2.800 euros e uma indemnização de 8.000 euros ao empresário Mário Ferreira por o ter apelidado de “escroque” também num tweet.
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