Marcelo Rebelo de Sousa, defensor entusiasta de uma “aliança fraterna” entre Portugal e o Brasil, vai visitar o país pela nona vez como chefe de Estado, a segunda com Lula da Silva de volta à presidência.
Quando Lula da Silva foi eleito Presidente do Brasil, em 30 de outubro de 2022, derrotando o chefe de Estado brasileiro em exercício, Jair Bolsonaro, o Presidente português felicitou-o de imediato e manifestou-se certo de que o seu terceiro mandato corresponderia “a um período promissor” nas relações bilaterais.
Em abril de 2023, recebeu Lula da Silva em visita de Estado a Portugal, e elogiou-o, recordando “um longo e rasgado elogio” feito pelo seu antecessor e também antigo presidente do PSD Aníbal Cavaco Silva, em 2011: “É uma das grandes figuras do nosso tempo e um grande amigo de Portugal”.
Agora, será Marcelo Rebelo de Sousa a ser recebido por Lula da Silva, em visita oficial ao Brasil, onde já esteve oito vezes desde que assumiu a Presidência da República Portuguesa, em 2016, tendo tido como anteriores homólogos Michel Temer e Jair Bolsonaro.
Um dos momentos marcantes das suas passagens pelo Brasil foi uma ida à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde nadou e passeou descontraído, em julho de 2022, depois de o então Presidente Bolsonaro ter cancelado um almoço entre os dois em Brasília, por causa de um encontro que tinha agendado com Lula em São Paulo.
Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa desdramatizou a decisão do seu homólogo, dizendo: “No Brasil nunca há problemas, é uma coisa que eu aprendi. O meu avô veio para cá no final do século XIX. Eu aprendi que no Brasil o que parece problema não é problema, só parece”.
Essa decisão de Bolsonaro não o demoveu de participar, dois meses depois, nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, em Brasília, onde, no Congresso Nacional, fez uma intervenção de agradecimento aos “queridos irmãos brasileiros” pela nação que construíram.
Pediu, então, que o Brasil continuasse uma “pátria de liberdade, de democracia, de justiça, de sonho” e “potência universal”.
“Nós, portugueses, amamos profundamente no Brasil e em vós, brasileiros, essa alma enleante, indomável, tenazmente obstinada, que vos faz diferentes, que vos faz irrepetíveis na humanidade”, afirmou, exclamando: “Que para sempre viva o Brasil, que para sempre viva a fraternal amizade entre o Brasil e Portugal”.
Nessa ocasião, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se por cerca de vinte minutos com Bolsonaro, no Palácio Itamaraty, e esteve ao seu lado no desfile do 07 de setembro, em Brasília. Negando que isso lhe causasse desconforto, declarou que estava no Brasil “num gesto histórico”.
“Eu estou aqui para representar Portugal num momento histórico, fosse qual fosse o Presidente. As pessoas têm de perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura X tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais”, justificou.
Marcelo Rebelo de Sousa assinala com frequência a sua ligação familiar ao Brasil, para onde emigrou o seu avô, para onde os seus pais se mudaram após o 25 de Abril de 1974, e onde vive o seu filho, com dupla nacionalidade, e uma neta.
Quando Bolsonaro cancelou o almoço em Brasília, invocou a história peculiar de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, que reinou e deixou descendentes no trono dos dois países, para sustentar: “Tudo entre nós é um problema de família”.
Marcelo foi ao Brasil em 2016, para a abertura dos Jogos Olímpicos e para a 11.ª Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Em 2017, voltou para as comemorações do Dia de Portugal, no Rio e em São Paulo.
Em 01 de janeiro de 2019, esteve na posse de Bolsonaro, que o recebeu no dia seguinte no Palácio do Planalto. Em 2021, participou na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Em julho de 2022, assinalou no Rio de Janeiro o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul e esteve na inauguração da Bienal do Livro de São Paulo.
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