O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) quer prosseguir um trabalho político “agregador”, sem “precipitar etapas” e com disponibilidade para o consenso, para desbloquear “tão breve quanto possível” a regionalização.
“Temos, portanto, que continuar o trabalho político agregador que, com o ritmo certo, sem precipitar etapas, e com uma grande disponibilidade para o consenso, consiga desbloquear – tão breve quanto possível – o processo de modernização do Estado português”, afirmou Manuel Machado, na sessão de encerramento do XXIV congresso da ANMP.
PUBLICIDADE
Durante dois dias, autarcas de todo o país discutiram, em Vila Real, a organização do Estado, com destaque para a regionalização e a descentralização, novos modelos de desenvolvimento e a necessidade de um novo regime de financiamento autárquico.
No final concluiu-se, segundo Manuel Machado, que a “criação de regiões é um instrumento fundamental para iniciar novas políticas de desenvolvimento regional que prossigam objetivos de coesão, de competitividade e de equidade”.
Na opinião do também presidente da Câmara de Coimbra, as “regiões significam mais coesão territorial, menos assimetrias, maior riqueza económica socialmente útil para a melhor qualidade de vida de todos”.
“A organização político-administrativa do Estado vai ter mesmo que mudar para ser capaz de dar resposta às exigências do país tal como ele é hoje. E não desistimos desta causa”, sublinhou.
Este é, para o autarca socialista, “um desígnio nacional” que tem de mobilizar todos: cidadãos, autarcas, órgãos de soberania, representantes da sociedade civil, instituições e associações.
O primeiro-ministro recusou hoje, no congresso da ANMP, avançar já com a eleição direta para as Áreas Metropolitanas, para evitar “entraves a quaisquer desenvolvimentos futuros no processo de regionalização”, revelando que a eleição das Comissões de Coordenação por um colégio de autarcas avança já no primeiro semestre de 2020.
Costa, favorável à regionalização, tem dito desde março não acreditar que o processo avance significativamente “nos mandatos do atual” Presidente da República, argumentando que perante a “posição histórica” de Marcelo Rebelo de Sousa deve evitar-se esse “tema fraturante”.
O presidente da ANMP disse na sexta-feira, na abertura do congresso, que “não será pelo calendário que haverá desentendimento” com o Presidente da República sobre a regionalização, frisando que Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “um discurso animador e com as ponderações adequadas” sobre o tema.
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou no congresso que “colocar o carro à frente dos bois, ou querer dar o passo mais largo do que a perna, pode ser um erro irreversível” e “pode querer dizer chegar ao fim do caminho sem garantia da sua viabilização [da regionalização].
Quanto à descentralização, Manuel Machado defendeu a criação de “um novo regime de financiamento das autarquias que permita aos municípios desempenharem as suas novas, múltiplas e complexas competências”, pedindo atenção para o Orçamento do Estado para 2020.
Reclamou ainda que o próximo Quadro Comunitário Europeu 2021-2027 deve ser orientado “para a requalificação dos serviços públicos e infraestruturas que estão a ser transferidos”.
Falando diretamente para o primeiro-ministro, Manuel Machado referiu que “as autarquias estão a receber serviços em estado lastimável do seu funcionamento, instalados em infraestruturas muitas vezes em estado deplorável”.
“Estamos a receber o produto de décadas de desinvestimento, período esse agravado pelos anos da ‘troika’, ao qual não houve ainda dinheiro, ou vontade política, para acudir”, salientou.
PUBLICIDADE
You must be logged in to post a comment.