Opinião
Manual de sobrevivência às reuniões de início de ano letivo
Esta crónica, sei-o bem, vem provavelmente com uma semana de atraso, mas a sua utilidade não parece que vá diminuir nos próximos anos, pelo que pode guardá-la nos Favoritos do seu browser e recuperá-la no futuro… Escrevo-a depois de sair de uma reunião de início de um novo ano letivo, impelido pela falta que me fez ter passado os olhos por um texto com estas características antes de ter transposto os portões da escola. É de serviço público que se trata, portanto.
Mas vamos, de uma vez por todas, ao prometido no título. Seguem-se alguns conselhos para que consiga sobreviver a esse flagelo com lugar cativo no calendário para todos aqueles que são pais:
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– Beba café antes. Muito café. A reunião irá com toda a certeza prolongar-se para lá do previsto e vai precisar de todo o tipo de ajuda para se manter acordado. Este é um conselho particularmente importante para todos os pais que não sejam estreantes neste tipo de reuniões, porque, se for esse o seu caso, vai ouvir as mesmas palavras – ditas da mesma maneira, em muitos casos pelas mesmas pessoas – que já ouviu mais vezes do que consegue contabilizar.
– Prepare-se para esgotar o seu stock de paciência. Vai ouvir perguntas sem sentido, informações contraditórias e ideias mirabolantes, ao ponto de se questionar se entrou por engano numa reunião de teóricos da conspiração.
– Quando escutar a frase «Temos um grupo de pais no WhatsApp» finja que está desmaiado para não ter de dar o seu número de telefone. Este é um aviso muito sério: nunca dê o seu número para que ele seja acrescentado a esse tipo de grupos! A sua sanidade mental pode depender de seguir este conselho!
– Se o seu filho ou filha estiver no 1.º ciclo do ensino básico, vai precisar de estar pronto para lidar com os radicais dos TPC, que defendem que seja aplicado um regime militar aos tempos livres das crianças, que é para elas aprenderem a ser homens! Também haverá ativistas contra os TPC mas esses, pela minha experiência, são em menor número, além de terem razão.
– Nos próximos tempos, terá de estar capacitado para enfrentar também os fundamentalistas anti-tecnologia, que já há alguns dias não largam os seus telemóveis para garantir que todos percebem como é pernicioso usar o telemóvel… Ato contínuo, pretendem bani-los e parecem poder tornar-se violentos contra quem não partilha esse pensamento. Verdade seja dita: é uma batalha difícil a que estão a travar, mas é certamente mais fácil do que educar os seus filhos para que não fiquem dependentes desses aparelhos. A escola que o faça, certo?
Não é certo que consiga manter-se vivo após o calvário das reuniões na escola mesmo que siga todos estes conselhos. Aquele é um mundo cheio de perigos inesperados e não é fácil prevermos todos eles. Mas tenha coragem. Não está sozinho!
PS: Não posso deixar de fazer uma nota adicional que, não contribuindo para a sua sobrevivência, é muito importante para a dos seus filhos… Não esqueça que já teve 7, 8, 11 ou 15 anos e foi aluno. Tente não se tornar em tudo aquilo que mais odiava nessas idades.
OPINIÃO I PEDRO SANTOS – ESPECIALISTA EM COMUNICAÇÃO
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