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Mais de 25 mil hospitalizações por esquizofrenia em oito anos em Portugal

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 12-10-2020

Os hospitais públicos portugueses registaram 25.385 hospitalizações por esquizofrenia ou outras perturbações psicóticas num período de oito anos (2008/2015), tendo-se assistido a uma diminuição do número de internamentos, revela um estudo hoje divulgado.

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A maioria dos doentes hospitalizados é do sexo masculino (68%) e tem entre os 31 e os 50 anos de idade. Nos homens, o grupo etário entre os 18 e os 30 anos é o segundo mais atingido, enquanto que, nas mulheres, é o grupo dos 51 aos 70 anos de idade.

Estes dados fazem parte de um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

O trabalho, já publicado na edição online da revista científica internacional Psychiatric Quartely, é o primeiro a caracterizar todas as hospitalizações em hospitais públicos de doentes com diagnóstico primário de esquizofrenia, a nível nacional.

Segundo a investigação, entre 2008 e 2015, assistiu-se a uma diminuição do número de hospitalizações por esquizofrenia.

O último ano analisado foi mesmo o que registou um menor número de hospitalizações associadas a esta doença mental (2.958, em 2015, contra 3.314, em 2008), correspondendo a 28,6 hospitalizações por 100.000 habitantes.

Cada hospitalização teve uma duração mediana de 18 dias.

Manuel Gonçalves-Pinho, investigador CINTESIS/FMUP, médico e primeiro autor deste estudo, explica, em comunicado, que esta diminuição se deverá “à política progressiva de desinstitucionalização das pessoas com doenças psiquiátricas que tem sido adotada em Portugal nas últimas décadas”.

Outra razão apontada é “o advento de novos tratamentos farmacológicos mais eficazes e que permitem uma melhor gestão da sintomatologia apresentada pelos doentes fora do internamento”.

“É importante conhecer os números de internamentos por esquizofrenia nos cuidados de saúde mental em Portugal, uma vez que é impossível planear estratégias de tratamento sem conhecer o panorama global do país”, defende o investigador.

Para os autores deste estudo, “a diminuição do tempo de internamento associado à doença mental pode ser um objetivo, mas apenas se for garantida a qualidade dos cuidados de saúde prestados ao nível da comunidade, imediatamente após a alta”.

Sublinham, por isso, “a necessidade de reforçar o investimento nos cuidados de saúde mental, que abarca níveis diversos, desde os cuidados de proximidade, aos hospitais e às unidades de internamento de longa duração, claramente subdimensionadas para as necessidades do nosso país”.

“Os internamentos psiquiátricos de doentes com quadros agudos estão neste momento assoberbados de casos sociais (não puramente por motivos médicos) dada a clara falta de estruturas/vagas para receber estes doentes no setor social”, sustentam os investigadores.

Quanto aos custos envolvidos, os autores do estudo referem, que no período compreendido entre 2008 e 2015, os custos totais destas hospitalizações ascenderam aos 89,1 milhões de euros.

Cada hospitalização custou cerca de 3.500 euros, em média. Comparando com outros países europeus, Portugal está a meio da tabela, acima da Ucrânia, que gastou apenas 533 euros com cada episódio, mas bastante abaixo da Alemanha, que gastou cerca de 12 mil euros por hospitalização, concluíram.

Em todo o mundo, as hospitalizações por esquizofrenia são conhecidas por serem as mais longas de entre as hospitalizações por doenças mentais que, por sua vez, são já superiores às de outras doenças.

Com o envelhecimento destes doentes, “espera-se que aumente também a complexidade dos sintomas associados à progressão da esquizofrenia, bem como as doenças concomitantes, que podem prolongar o tempo de internamento”, acrescentam.

Este estudo tem como coautor João Pedro Ribeiro, médico psiquiatra do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, e como coordenador Alberto Freitas, investigador do CINTESIS e professor da FMUP.

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