Política
Mais de 100 sindicalistas da Frente Comum exigem ao Governo aumentos salariais
Mais de uma centena de dirigentes, delegados e ativistas da Frente Comum manifestou-se hoje, frente à residência oficial do primeiro-ministro, para exigir ao Governo aumentos salariais, a revisão da tabela remuneratória única e a revogação do sistema de avaliação.
“Nós estamos aqui a exigir um aumento real dos salários da administração pública e não esta vergonha que se tem verificado até agora”, disse aos jornalistas o coordenador da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Sebastião Santana.
A estrutura sindical exige o aumento de 90 euros para todos os trabalhadores e um salário mínimo de 850 euros “no curto prazo”, bem como a correção da tabela remuneratória única.
PUBLICIDADE
“Temos trabalhadores hoje que trabalham há 30 anos, têm uma experiência acumulada de 30 anos e ganham exatamente o mesmo que um trabalhador que entre hoje”, apontou Sebastião Santana.
Uma das reivindicações da Frente Comum passa também pela valorização das carreiras na função pública.
“Houve um governo do PS que destruiu – do PS Sócrates – quase 1.500 carreiras na administração pública, transformando-as em três, é inadmissível. Qualquer pessoa compreende que um canalizador não faz o mesmo que um eletricista, nem que um auxiliar de ação médica, nem do que um auxiliar de ação educativa”, disse o coordenador da frente sindical.
Relativamente ao sistema de avaliação dos trabalhadores da administração pública, o SIADAP, a Frente Comum defende a sua revogação.
“Temos uma campanha que está em curso, uma recolha de abaixo assinado que conta hoje com mais de 32.000 assinaturas recolhidas, é uma campanha que vai continuar, pela revogação de um sistema de avaliação que limita a progressão dos trabalhadores e apenas serve para manter 75% dos trabalhadores 10 anos à espera para mudar uma única vez de posição remuneratória, para além de ser um sistema que é, burocraticamente, um pesadelo muito difícil de aplicar e que leva a arbitrariedades que ninguém consegue aceitar”, referiu Sebastião Santana.
Segundo o responsável, o arranque das negociações com o Governo sobre o SIADAP está previsto para este mês, mas a frente sindical diz não ter ainda recebido a proposta de texto para revisão, nem haver data marcada para reunião.
Os manifestantes presentes em São Bento aprovaram uma moção onde estão explanadas as suas reivindicações, que foi entregue na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa.
O protesto contou com a participação da secretária-geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha, estrutura à qual pertence a Frente Comum.
“É um protesto que vem na continuação de uma luta que os trabalhadores da administração pública têm vindo a realizar, de há anos, não é só de agora desta situação epidémica. […] É preciso valorizar estes trabalhadores, dar-lhes condições dignas, e condições dignas são salários dignos, porque o que há na administração pública neste momento não são salários dignos”, disse Isabel Camarinha aos jornalistas.
A secretária-geral da CGTP defendeu também que os aumentos salariais que os trabalhadores têm conseguido são “insuficientes”, fazendo com que quem tem mais anos de carreira ganhe “tão pouco” como os que estão agora a entrar na administração pública.
“Esses que estão a ser admitidos, são admitidos com vínculos precários, na sua esmagadora maioria, com todas as consequências que isso tem para a vida dos trabalhadores, que, grande parte deles, são jovens, os tais jovens que queremos chamar, manter, valorizar, mas não, porque para valorizar é preciso trabalho com direitos, contrato efetivo, salário digno e condições de trabalho”, acrescentou.
A ação de luta contou também com a presença do eurodeputado João Ferreira, do PCP, em solidariedade com as reivindicações dos trabalhadores da função pública.
Related Images:
PUBLICIDADE