Saúde

Maior parte dos diretores de serviço dos hospitais não cumpre horários

Notícias de Coimbra | 2 anos atrás em 11-10-2022

O vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) denunciou hoje no parlamento que a maior parte dos diretores de serviço nos hospitais “pura e simplesmente” não cumpre os horários, defendendo a dedicação exclusiva para estes cargos.

“Não se pode conceber uma situação atual em que a maior parte dos diretores de serviço pura e simplesmente não existem nos serviços”, não cumprem os horários, criticou João Proença numa audição conjunta dos sindicatos de saúde na comissão parlamentar de Saúde requerida pelo PSD.

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João Proença disse que nos serviços públicos “as direções médicas e os diretores clínicos dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) não são eleitos com contratos-programa, são nomeados pelo poder político-partidário e isso cria uma política de pessoas que ficam anos como diretores de serviço, não sendo líderes da sua formação, nem dando o exemplo”.

“É evidente que dizer isto na Assembleia da República vai ser um clamor, que a mim não me importa muito, porque eu candidatei-me a diretor clínico do Hospital Garcia de Orta [em Almada] e escrevia claramente que toda a gente até aos 55 anos tinha que fazer urgência e que não havia exceções para ninguém”, disse o também presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS).

“A maior parte das pessoas não faz bancos de urgência, fica para os internistas, para os cirurgiões, alguns anestesistas, para alguns ginecologistas e para os internos que chegam a fazer 80 horas semanais e rebentam. É bom que as pessoas percebam que isto é um problema de organização e é um problema de transparência e democracia. Sem isso, não há problema nenhum”, afirmou o dirigente sindical.

João Proença defendeu que se o Governo quer melhorar a carreira médica tem que fazer “concursos atempados”, melhorar as grelhas salariais, passar para 35 horas e 12 horas de urgência e permitir que as pessoas tenham a opção de dedicação exclusiva com majoração e que os diretores “sejam líderes e tenham dedicação exclusiva”.

Na audição na comissão parlamentar, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, fez um “apelo veemente à maioria que os portugueses escolheram, para que não faça propaganda. Não é preciso, agora não vai haver eleições”.

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“Aos senhores deputados da Comissão de Saúde, eu peço imensa desculpa desta minha indignação, mas chega, basta, basta, basta”, disse, afirmando que “haver 1,5 milhões de portugueses sem médico de família deve merecer o respeito dos senhores deputados”.

Dirigindo-se aos deputados, questionou: “oito milhões de horas extra que foram efetuadas pelos médicos no ano passado, acham normal?”

“Acham normal 142 milhões de euros para prestadores de serviço e dizer que está tudo bem? Acham normal, dezenas de milhões de euros despendidos em cheques [para cirurgia] para o exterior? Acham normal, cinco milhões de portugueses com seguros de saúde?”, questionou ainda.

Perante este retrato, Roque da Cunha apelou para investimento nos médicos, nos enfermeiros e nos administrativos que estão no Serviço Nacional de Saúde e “não se alimente os privados”.

“O que nós precisamos de fazer é resolver este problema de carência de médicos, motivando-os para estar no serviço público de saúde e resolver outro problema, que é gravíssimo, a utilização de empresas de trabalho externo (tarefeiros)”, disse, manifestando esperança nas negociações com o Governo.

Sugeriu ainda a abertura de concursos para os médicos sem especialidade, que são cerca de 2.000 ou 3000, para áreas onde “há carência absoluta” de profissionais.

 

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