Coimbra
Machadada no Parque Verde
Com a solenidade protocolar que costuma imprimir a estes actos, a Câmara Municipal de Coimbra consignou no dia 27 de abril a obra de ampliação dos edifícios de restauração construídos no âmbito do “Plano de Pormenor do Parque Verde do Mondego entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Europa – Margem Direita” incluindo a remodelação das instalações sanitárias públicas existentes”.
A empreitada foi adjudicada à empresa Garfive, que prometia fazer a obra no prazo de 180 dias, recebendo em troca 825 000,00 euros.
O momento foi aproveitado pelo Presidente da Câmara de Coimbra para avisar o empreiteiro: tem meio ano para fazer este trabalho. Senão temos de resolver isto à machadada”.
“Mas vai correr bem, avançou Manuel Machado, antes de prometer que “como é costume, nesta ocasião, refiro, de novo, que nós fazemos questão de pagar o serviço prestado de modo acelerado, se a empresa conseguir reduzir o prazo de execução, a Câmara reduzirá também o prazo de pagamento”.
Apesar do incentivo presidencial, a empresa já demonstrou a sua incapacidade para fazer o que já devia estar feito, pelo que autarca é mesmo obrigado a dar uma machadada.
Notícias de Coimbra teve acesso a documentos da CMC onde se pode ler que Garfive alegou que “atravessa presentemente graves problemas financeiros” que a impedem de manter o ritmo normal da obra, que, como se pode ver no local, não anda nem desanda.
A Garfive tentou mesmo ceder a sua posição contratual à empresa Veiga Lopes (que tinha sido preterida no concurso), mas tal foi inviabilizado por causa da adjudicatário não ter obtido garantia bancária.
Face ao impasse, a CMC vai votar a resolução do contrato a titulo sancionatório, alegado incumprimento definitivo do contrato por parte da Garfive.
Recordamos que pós a conclusão da obra de requalificação do edificado, será necessário encontrar uma ou mais entidades que queiram explorar os 4 novos espaços.
Recordamos que os espaços de restauração do Parque Verde do Mondego vão ser requalificados e ampliados, através da construção de quatro novos módulos na cobertura, estando também prevista a instalação de esplanadas junto a esses módulos.
Esta solução irá beneficiar os futuros concessionários,que terão agora mais espaço, uma vez que passam a funcionar no rés do chão e 1º andar. Além disso, está prevista uma nova configuração de 4+1 estabelecimentos, ao invés da anterior que funcionava em 3+1 (3 bares/restaurantes mais uma gelataria).
Os quatro volumes a construir vão ter escadas de ligação entre os pisos, com um novo acesso de público ao piso térreo, onde cada uma das 4 concessões passará a dispor de instalações sanitárias.
As cozinhas serão recolocadas no piso superior, mantendo uma simples copa de apoio, arrecadação e compartimento de lixos no piso térreo.Ao mesmo tempo, as casas de banho públicas existentes vão ser recuperadas.
Cada módulo do piso superior compreende uma nova área envidraçada, a referida cozinha principal de serviço a ambos os pisos, com apoio de monta-cargas e espaços de esplanada.
A solução de caixilharia proposta para este piso garante a abertura total dos vãos nas laterais de ligação às esplanadas, possibilitando que a sala possa ser um prolongamento coberto desses espaços exteriores.
Relativamente ao lado poente, os pavimentos existentes serão alvo de recuperação e/ou reposição.
O concurso para a concessão dos espaços já foi autorizado pela Assembleia Municipal de Coimbra, mas com tantos avanços e recuos por parte da CMC, nunca se sabe se voltará a ser apreciado pelos deputados municipais.
O procedimento concursal será aberto pela Câmara Municipal de Coimbra após a conclusão das obras, adiantou Manuel Machado.
Recordamos que o autarca já admitiu concessionar os quatro espaços em conjunto ou individualmente no sentido de suscitar uma maior concorrência entre os vários interessados, através de concurso público ou entrega direta.
Manuel Machado voltou a dizer que o restaurante Itália, que terá de sair do Parque Manuel Braga, por causa da requalificação deste jardim, pode, se assim o desejar, deslocalizar-se para um das fracções do Parque Verde.
O íder da autarquia conimbricense tem lamentado a forma ilegal como este restaurante se foi expandindo de forma ilegal pelo território municipal.
Numa das reuniões do executivo municipal disse mesmo que “vai ser ser feita a demolição daquela barracada que lá está, daquela construção em cima do rio, que foi licenciada pela Hidráulica in ilo tempore, antes do 25 de abril, onde existia o café Jangada, do senhor Mário das Canjas, que foi por água abaixo em 1973. O que lá está é uma coisa espúria. Vai ser removido no âmbito da requalificação do Parque Manuel Braga”.
O Presidente da Câmara adiantou ainda que o Itália está notificado desde os tempos em que foi definido o corredor do Metro Mondego “para tirar de lá aquele edificado”.
Lembramos que todos os espaço de restauração do Parque Verde encerraram na sequência das inundações de janeiro e fevereiro de 2016, mas alguns já não funcionavam desde novembro de 2015.
Em junho de 2106, o Executivo Municipal de Coimbra procedeu à cessação do alvará do Complexo Verde do Mondego – Actividades Hoteleiras, ACE, a entidade que explorava os bares e restaurante das denominadas “Docas”, estabelecimentos que encerraram definitivamente durante as cheias de janeiro desse ano.
O incumprimento voluntário das condições a que o concessionário se obrigou aquando da adjudicação no inicio do século “está a conduzir à visível degradação e vandalismo dos estabelecimentos e, de toda a zona cuja limpeza e manutenção compete aquele” foram algumas das causas invocadas pelos serviços da autarquia para “despachar” o Agupamento Complementar de Empresas, que por essa altura era detido por uma família de empreendedores
A CMC alegou ainda que o concessionário não cumpria um conjunto de obrigações, sem que tenha invocado qualquer causa que lhe permita suspender a exploração.
As instalações sanitárias comuns aos estabelecimentos e ao parque Verde estiveram encerradas durante uma boa temporada, tendo sido reabertas pela autarquia, que também mandou decorar as montras das 4 casas comerciais.
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