Região

Lousã comemora 200 anos do humanista João Montenegro

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 meses atrás em 14-06-2024

O produtor agrícola João Montenegro, nascido há 200 anos na Lousã, foi pioneiro ao contratar mão-de-obra livre em tempos de escravatura no Brasil, garante a historiadora brasileira Sónia Freitas.

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“João Montenegro tornou-se um pioneiro na adoção da mão-de-obra assalariada em tempos de predomínio da escravidão e do regime de parceria nas relações de trabalho”, disse hoje a investigadora à agência Lusa.

Doutorada em História Social pela Universidade de São Paulo, Sónia Freitas trabalhou como investigadora no Museu da Imagem e do Som e no Museu da Imigração, em São Paulo.

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Com vários livros publicados, tem-se dedicado ao tema da emigração de portugueses e arménios para São Paulo e vai participar na Lousã, no dia 22, nas comemorações dos 200 anos do nascimento de João Elisário de Carvalho Montenegro, promovidas pela Câmara Municipal em parceria com a investigadora.

Em 1867, Montenegro fundou a fazenda Nova Louzã em território do atual município de Espírito Santo do Pinhal, estado de São Paulo, onde empregou 29 trabalhadores, na sua maioria oriundos da Lousã e alguns do concelho vizinho de Miranda do Corvo.

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O comendador Montenegro, que dá nome à Biblioteca Municipal da Lousã, nasceu em 24 de junho de 1824, neste concelho do distrito de Coimbra, onde, com ajuda de amigos, fundou o primeiro hospital local.

“As suas ações benemerentes, educativas e culturais elevam-no a personagem mais importante da Lousã no século XIX e somam-se a eventos históricos importantes da história do Brasil”, realçou Sónia Maria de Freitas.

Por ter nascido no dia de São João, feriado municipal na Lousã, o empreendedor agrícola, também João, deu o seu nome ao Hospital de São João, obra marcante da arquitetura local, que ostentava motivos maçónicos e outras simbologias, mas que em finais do século XX foi demolido para dar lugar ao Centro de Saúde, também ele entretanto transferido para um novo edifício, na década passada.

Na Nova Louzã, o produtor de café “tinha um livro em que os visitantes registavam mensagens e impressões sobre a colónia, hoje um relevante documento histórico”, agora na posse da Câmara da Lousã, após ter sido digitalizado pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

“Os visitantes da Colónia Nova Louzã e a persistência da memória do Comendador Montenegro” é o título da conferência que Sónia Freitas vai proferir no âmbito das comemorações do bicentenário do humanista.

Em comunicado, a Câmara da Lousã recordou que aquele “contribuiu determinantemente para o desenvolvimento da cultura, educação e saúde” do concelho, no século XIX.

Maria do Rosário Castiço de Campos, Paulo Carvalho e José Avelino Gonçalves são os outros investigadores que intervêm nas comemorações do dia 22, às 14:00.

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