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Ljubomir Stanisic mata 3 javalis para “festão” com papas de carolo de milho

Notícias de Coimbra | 4 meses atrás em 03-08-2024

Javali, lírio dos Açores ou papas de carolo de milho são algumas das propostas com que ‘chefs’ desafiam sabores e texturas no festival Arrebita, que decorre até domingo em Idanha-a-Nova, Castelo Branco, e que representa também um regresso “à essência” da cozinha portuguesa.

Ao longo de dez dias, o Arrebita Idanha Bio, integrado na XXIV Feira Raiana, desafiou mais de 50 chefes de cozinha, nacionais e internacionais, incluindo vários com estrelas Michelin, a apresentar pratos inspirados na cozinha nacional, usando produtos biológicos certificados.

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“Mais sustentável é impossível”, comenta à Lusa o chef Ljubomir Stanisic (restaurante 100 Maneiras, Lisboa, uma estrela Michelin). Atrás de um assador, exibe as seis balas com que, juntamente com o chef Manuel Maldonado, matou três javalis, na sua propriedade em Grândola – “tudo legal e certificado”.

Manuel Maldonado, ‘chef’ executivo do 100 Maneiras, propõe uma ‘quesadilla de terrina de javali, tomatada e manjericão”, enquanto Stanisic preparou um ‘bun’ de javali, ‘coleslaw’ (salada de repolho) e maionese de ‘chipotle’ caseiro.

Sobre iniciativas como este festival, o ‘chef’ natural de Sarajevo diz que “o interior do país é o que mais sofre” e, por isso, é “cada vez mais importante fazer coisas fora das grandes cidades, onde há de tudo”.

Marlene Vieira (restaurantes Marlene e Zunzum, Lisboa) trouxe um ‘katsu sando’ (espécie de sanduíche japonesa) de borrego com sabores do Alentejo: “Tem muitas ervas, que dão frescura ao prato”, diz à Lusa, ressaltando que “tudo é 100% bio”.

Esta viagem ao “Portugal rural”, refere, é também uma oportunidade para ‘chefs’ e público encontrarem a origem de muitos produtos: “Traz-nos à essência, à base”, destaca.

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“Também queremos desafiar a população a experimentar novas texturas, novas combinações e novas técnicas, para que saiam da zona de conforto”, descreve Marlene Vieira.

Inspirado numa viagem recente aos Açores, João Sá (Sála, Lisboa, uma estrela Michelin) trouxe lírio, que serve num ‘taco’.

‘Repetente’ do festival Arrebita, aplaude este evento. “O interior precisa disto, é preciso é que as pessoas venham em força”, diz à Lusa.

O transmontano Marco Gomes (Oficina, Porto) também escolheu o javali, que serve com ‘papas de carolo’ (de milho) e tomate assado.

O Arrebita, destaca, é “um projeto muito genuíno”, em que os ‘chefs’ estão à frente do público e tudo é feito “na lenha, na brasa, em potes, no fogo”.

“É comida de conforto, uma comida de origem, que só existe em determinadas alturas do ano”, sublinha.

Até às 24:00 de hoje, participam também no festival os ‘chefs’ André Cruz (Feitoria, Lisboa, uma estrela), com ‘coração de vaca, courgete e hortelã’; Lídia Brás (Stramuntana, Gaia), com ‘milhos ricos e porco bísaro’; e Vítor Adão (Plano, Lisboa), com ‘vitela biológica, piso de amendoim e cebola’.

Segundo a organização, a Amuse Bouche, o Arrebita Idanha Bio é “o único festival na Europa com certificação biológica”, com 90% de produtos alimentares certificados.

O evento, que vai na quinta edição, pretende “contribuir para o desenvolvimento da cultura do país, levando a várias zonas de Portugal o melhor da gastronomia portuguesa”, com “duas grandes bandeiras: sustentabilidade e biológico”.

A Feira Raiana, entre 26 de julho e 04 de agosto, promove em Idanha-a-Nova as atividades económicas da região, a cultura e a gastronomia, dos dois lados da fronteira. Este ano, o tema escolhido é “Uma Saúde, Um Planeta”.

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