É da autoria das docentes da Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC) e investigadoras da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Química-Física Molecular da Universidade de Coimbra, Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, o capítulo 7 do livro “Gastronomy and Food Science”, recentemente publicado pela Elsevier. O capítulo, intitulado na sua versão original “From folklore to the nutraceutical world: The 𝘊𝘰𝘳𝘦𝘮𝘢 𝘢𝘭𝘣𝘶𝘮 potential”, trata-se de mais um dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do projeto IDEAS4life – Novos IngreDiEntes Alimentares de Plantas MarítimaS, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
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Neste capítulo é abordado o grande potencial das camarinhas (Corema album), planta endémica da Península Ibérica que produz pequenas bagas brancas comestíveis, como alimentos funcionais. Os estudos em torno desta planta, levados a cabo pela equipa que as duas docentes da ESAC coordenam, levaram a concluir que os fitoquímicos, metabolitos secundários produzidos pelas camarinhas, são uma boa fonte de compostos antioxidantes dietéticos que podem prevenir o efeito prejudicial dos radicais livres. Assim, a planta, as bagas e/ou os seus extratos, poderão ser usados como promissores agentes quimiopreventivos, na redução do risco de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e alguns tipos de cancro. No capítulo em questão é também dada ênfase ao enorme potencial das camarinhas sob o ponto de vista gastronómico, o qual lhes é conferido pela singularidade da cor e do sabor, constituindo-se uma boa resposta à constante procura da novidade no campo da alimentação. Além dos aspetos referidos, são apresentadas duas receitas que fazem parte do receituário tradicional português.
Resultante da exploração da vertente gastronómica das camarinhas, já há, aliás, resultados concretos no mundo da restauração. Existe uma cooperação com o restaurante CAN the CAN, sito na Praça do Comércio, em Lisboa, que confeciona alguns pratos com estas bagas.
Ainda no contexto do projeto IDEAS4life está a ser promovido um questionário com vista a recolher dados para a realização de uma avaliação sobre o grau de conhecimento e de consumo de camarinhas.
Os interessados em colaborar, devem responder ao questionário disponível online em https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfGTWo_zht4f0hCdMMgZHbq0GaKcNA4xO_eSoEJ39UNdqmdsg/viewform?vc=0&c=0&w=1
Para as investigadoras, o mais relevante “é perceber que estes trabalhos têm impacto na sociedade em geral”. “Temos verificado o movimento da população portuguesa no sentido de conhecer melhor esta planta e isso, para nós, tem muito significado”, declaram. Para além desta realidade, assumem sentir “uma responsabilidade acrescida” na proteção destas plantas únicas na Península Ibérica, por perceberem que poderão estar ameaçadas por outras espécies invasoras.
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