Coimbra
Linha do Oeste “bateu no fundo”
A Comissão de Defesa da Linha do Oeste exigiu hoje uma solução urgente para aquela via ferroviária onde, na última sexta-feira, a supressão de comboios atingiu o ponto máximo com apenas uma composição a circular.
“A situação bateu no fundo na última sexta-feira, em que circulou na linha o mínimo possível de comboios, com apenas uma composição a efetuar o percurso”, denunciou hoje José Rui Raposo, porta-voz da Comissão de Defesa da Linha do Oeste.
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Em causa está a supressão de comboios na linha que liga o Cacém a Coimbra, devido à falta de material circulante, que tem levado a CP a substituir composições por autocarros para efetuar os percursos.
Uma alternativa que, segundo a comissão, “tem gerado queixas sobre os atrasos nos percursos, algumas vezes de cerca de duas horas”, ou de alterações nos itinerários que levam a que “nalgumas localidades as paragens não sejam feitas junto às estações, deixando os passageiros noutros locais”.
Porém, afirmou José Rui Raposo à Lusa, “já nem isso estão a conseguir fazer, com alguns comboios a não se realizarem sem que sejam criadas alternativas para os utentes”.
Isso mesmo constatou, na sexta-feira, um elemento da comissão, que encontrou na estação de Óbidos (cuja bilheteira se encontra encerrada mas os comboios efetuam paragens) “cinco passageiros, entre os quais quatro estrangeiros que queriam ir para Coimbra, sem informação de que os comboios tinham sido todos suprimidos”.
Uma situação “incomportável” que a comissão considera estar a “levar muita gente a abandonar este meio de transporte” e que tenderá “a agudizar-se em setembro, quando reabrirem as escolas e os alunos não puderem contar com o comboio como alternativa”.
Questões que levaram a comissão a efetuar hoje, junto à estação de S. Martinho do Porto, no concelho de Alcobaça, uma ação de mobilização para uma manifestação a realizar no dia 26, junto ao Ministério do Planeamento e Infraestruturas para exigir “uma solução urgentíssima para este problema”.
A comissão vai nessa altura reivindicar igualmente a alteração do projeto de requalificação da Linha do Oeste, previsto para o percurso entre Caldas da Rainha e Meleças, mas que o movimento cívico defende que seja alargado, contemplando “ a modernização e eletrificação do troço entre as Caldas da Rainha e o Louriçal”.
Medidas “indispensáveis para viabilizar um futuro condigno para esta linha” considerada um eixo ferroviário fundamental para o desenvolvimento económico e social da região”.
O porta-voz admitiu ainda à Lusa temer que a implementação de novos horários, anunciada pela CP para vigorar a partir do dia 05 de agosto, “possa representar supressão de comboios”, entre os quais os inter-regionais [sem paragem em todas as estações e apeadeiros] matando por completo a ligação direta entre as Caldas da Rainha e Coimbra e aumentando o tempo de percurso”.
A “sistemática falta de comboios, com a supressão de muitos horários ao longo do dia e atrasos de horas nas ligações” tem-se intensificado desde o início de 2017, tendo motivado diversos protestos e a entrega na Assembleia da República de uma petição com mais de 5.600 assinaturas.
Das ações de mobilização de utentes para a manifestação do dia 26 resultou já o apoio de algumas autarquias locais, como a Câmara de Alcobaça ou a Junta de Freguesia de S. Martinho do Porto, que “vão disponibilizar autocarros para transportar pessoas para essa concentração”, disse José Rui Raposo.
O mesmo está a ser solicitado a outras autarquias do distrito de Leiria, esperando a comissão “uma significativa adesão por parte de todos os que entendem que é preciso continuar a defender a linha”.
Caso não sejam avançadas soluções até setembro, a comissão prevê agendar novas ações de luta ainda a designar.
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