Opinião

Limpos e dignos

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 2 semanas atrás em 31-08-2024

Há, no Douro, um Barrete de Clérigo, uma casta de uva quase extinta e a que ninguém já liga. Aquilo agora faz-se com vinho espanhol e, nem a propósito, a dita centenária tem nomenclatura oficial de Corropio.

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O bago é bonito, talvez, mesmo o mais bonito que se conhece.

Já o moço bem-falante que por aí anda…nada preocupado em fiscalizar o vinho que vem de Espanha e que à passagem da fronteira, ganha estatuto de denominação. Tem origem, vem de lá, mas é declarado cá.

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Eu, que pertenço aquela “muita gente que é paga para criar problemas”, estranho que um país que arrebanha para o PIB mais de seis mil milhões via turismo, indago-me se o senhor abrirá os vidros fumados do carro e espreita a Pátria.

Avinhado em acelerar condutas para a rega, o problema está nas declarações de impacte ambiental, que podem demorar até cinco anos. Um prejuízo enorme, pois então. Destrua-se a paisagem, em nome do abacate e, já agora, prebendem a Marilú, a nossa comissionista, que nos vendeu a pataco e que foi a correr cuidar da “Identidade e Família”, livro de extremos, escrito por atacado e que me chega, ainda hoje, mostarda ao nariz.

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A Marilú vai para a sinecura dourada e nós, ficamos assim nesta claustrofobia, de perder a melhor de nós. Parece o meu Benfica, vende os melhores para ficar com o refugo.

Esperemos, que lá em Bruxelas, a senhora, trabalhadora incansável incluindo em par-times, ajude o doutor médico a resolver a lixeira de Antanhol.

O Coimbra iParque é um parque de ciência e tecnologia, pejado de lixo e que não merece, sequer, ter o nome de Norberto Pires, na avenida que lhe dá acolhimento. Não porque Norberto Pires tenha sido ruim, antes pelo contrário, visionário e que nunca compactuou com dribles. Estivesse entre nós e já teria construído robô para limpar aquela sujeira.

Não percebendo que a coisa corre pelo exemplo, o bom do médico acha que é com multas que lá vamos.

Bom, talvez tenha razão. A tutela das policias deixou-se assaltar. Foi na Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna em Lisboa, de onde levaram oito computadores. Terá sido o Frederico? É que até o computador da secretária-geral adjunta foi gamado.

Se eles não se preocupam com a segurança, porque haveríamos nós, de nos preocupar com o lixo que se acumula no iParque?

Nisto esvai-se o excedente, há prendas para todos, menos para os que trabalham, a direção política, qual URSS, intromete-se nas operações e estamos a caminhar, despreocupados e avinagrados, para este fascismo leve.

Talvez haja, contudo, um entrave à desditada.

Em Malpica do Tejo e Herrera de Alcântara o povo luta para ter acesso às águas e ao cais. Um marmanjo aboletou-se com o domínio público e lá foram os chispes a tribunal.

Além de caminhos públicos, existem as margens, que devem ter serventia. A não ser que a Marilú, entretanto, as tenha vendido.

É esse o espanto destes dias, a Lei perde-se, a Grei afunda-se, com o meu pesar.

E nem o part-time em Londres de cobradora do fraque lhes mete juízo.

Adiante. Vou ali comprar ananases. De Barrete de Clérigo posto. Diz que dá sorte e pode ajudar. A que Coimbra e este velhaco, que vos escreve, se mantenham limpos e dignos.

OPINIÃO I AMEDEU ARÁUJO – JORNALISTA

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