Os Ligados às Máquinas – uma orquestra composta por utentes da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC) – vão apresentar o seu álbum de estreia, composto por nove originais, no dia 25 de abril.
“O álbum ‘Amor Dimensional’ é um fantástico primeiro registo dos Ligados às Máquinas, um coletivo musical que nasceu na Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, que junta pessoas com alterações neuromotoras graves para fazer música, de uma forma muito peculiar”, destacou o coordenador do projeto, Paulo Jacob.
A apresentação nacional de “Amor Dimensional” terá lugar pelas 21:30 na Oficina Municipal do Teatro (OMT), no âmbito de uma parceria com a APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, que conta com o apoio da Omnichord.
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Em declarações à agência Lusa, Paulo Jacob explicou que os nove originais que compõem o disco são o resultado de uma colaboração que começou no Festival Nascentes 2023.
Durante o festival, mais de 30 artistas nacionais, entre os quais Samuel Úria, Salvador Sobral e Rita Redshoes, cederam material sonoro a esta orquestra de samples, composta por pessoas em cadeiras de rodas.
A partir daqui, a banda, sob a direção de Paulo Jacob, teceu malhas sonoras, combinando amostras que cruzam hip-hop, rock, techno, fado, blues, world music, música erudita, música concreta, sons de publicidade ou de séries televisivas.
O resultado é “uma manta de retalhos que desafia quaisquer rótulos convencionais”.
“É um disco que retrata uma forma muito própria de ver um dia do ser humano. As coisas são todas trabalhadas em grupo e o processo de reflexão e de experimentação resulta em nove temas”, indicou Paulo Jacob.
Para o Teatrão, receber este concerto é mais uma etapa no caminho que a companhia de Coimbra tem procurado fazer, ao longo dos últimos anos, na criação de um espaço que dê prioridade à acessibilidade, nos seus múltiplos sentidos, e à descentralização da atividade cultural.
“A escolha do Dia da Liberdade para esta apresentação não é inocente. Este é um projeto que, dadas as suas características únicas no mundo, nos coloca perante a afirmação de uma autonomia que procura desconstruir estigmas sobre a capacidade artística de cada intérprete, colocando em causa as convenções normativas estabelecidas sobre o que são corpos não-produtivos ou mentes incapazes”, justificou.
Segundo a companhia de teatro de Coimbra, a produção artística dos Ligados às Máquinas enaltece aquilo que Abril tem de melhor.
“É a liberdade no seu mais puro sentido: emancipadora, que dá visibilidade e que coloca nas mãos de cada um as ferramentas para que todos tenhamos o mesmo ponto de partida”, afirmou.
Os bilhetes para o espetáculo têm um preço único de 15 euros.
Os Ligados às Máquinas nasceram há uma década, no seio da APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra.
A sua música é uma construção ‘sui generis’, que junta pedaços cuja conciliação pode parecer forçada ou mesmo impossível, para apresentar um todo unificado e harmonioso que, “muito provavelmente, não soa a nada que já tenha escutado até hoje”.
Ao longo de dez anos têm vindo a tecer e a mostrar ao vivo a sua “manta de retalhos sonora”, que registaram num disco editado pela Omnichord, no final de 2024, e a que chamaram “Amor Dimensional”.
Já se apresentaram ao vivo em vários pontos do país, através de espetáculos em nome próprio ou de participação em projetos colaborativos.
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