Universidade
Liberais questionam Governo sobre legitimidade de financiamento do CES da Universidade de Coimbra
A Iniciativa Liberal (IL) questionou hoje, no parlamento, o Governo sobre a legitimidade do financiamento público atribuído ao Centro de Estudos Sociais (CES), recentemente envolto em denúncias de assédio sexual, considerando que se trata de “financiamento de agendas partidárias”.
Num debate no plenário sobre a política setorial da ciência e do ensino superior, o deputado da IL Carlos Guimarães Pinto disse que o CES da Universidade de Coimbra “não é um centro de investigação científica”, mas “um viveiro da esquerda mais radical”, que recebe financiamento público para subsidiar “agendas partidárias”, nomeadamente eventos com intervenientes do BE.
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“Não retirem fundos aos verdadeiros cientistas”, afirmou o parlamentar, questionando a ministra da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Elvira Fortunato, se “é legítimo” o financiamento concedido ao CES e a avaliação feita, para efeitos de financiamento, por uma pessoa que liderava o painel que avaliou o CES, que obteve “o maior financiamento”, e “logo a seguir” à avaliação passou a integrar o CES.
Interpelando de novo a ministra, Carlos Guimarães Pinto questionou se tal procedimento “é um conflito de interesses” e se “dignifica a ciência”.
Optando por não responder à questão, Elvira Fortunato referiu que, “no limite, a questão teria de ser colocada à FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia]”, que “coordena a avaliação” dos centros de investigação científica para efeitos de obtenção de financiamento público para a execução de projetos.
Tutelada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, a FCT é a principal entidade que subsidia a investigação científica em Portugal.
A ministra sustentou que a avaliação aos centros de investigação é feita por “painéis independentes”, constituídos por “cientistas de renome internacional” que “assinam declarações de interesse”.
“Se houve problemas no passado não posso responder”, argumentou Elvira Fortunato, em resposta ao deputado da IL Carlos Guimarães Pinto, que foi criticado à esquerda pelas bancadas do BE, Livre e PS (partido que suporta o Governo).
A deputada do BE Joana Mortágua acusou a IL de querer “acabar com a avaliação independente dos centros de investigação” enquanto o deputado único do Livre, Rui Tavares, acusou a IL de “atacar a liberdade de pensar, ensinar e investigar”.
O deputado do PS Tiago Estevão Martins categorizou como “inqualificável e inarrável” a intervenção da IL.
“Um cheiro a bafio que não se admite nesta casa”, ironizou, acusando a IL de querer “escolher os centros de investigação para onde vai o dinheiro”.
“Todos podem pensar no que quiserem desde que concordem com ele”, assinalou Tiago Estevão Martins, referindo-se ao deputado da IL Carlos Guimarães Pinto.
Três investigadoras que passaram pelo CES denunciaram situações de assédio e violência sexual num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, publicado pela editora internacional Routledge.
Os investigadores Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabaram por ser suspensos de todos os cargos que ocupavam no CES até ao apuramento das conclusões da comissão independente que a instituição está a constituir para averiguar as acusações de que são alvo.
Após surgirem notícias sobre o capítulo, os dois cientistas negaram todas as acusações.
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