Letreiro em vidro soprado foi instalado nos anos 80 do século passado num espaço comercial dos Montes Claros em Coimbra.
Durante duas décadas serviu a sua função até que a loja fechou e ficou duas décadas mais na fachada, exposto às intempéries e a degradar-se, paulatinamente.
Com a entrada do prédio em obras a anunciar a sua iminente destruição, foi resgatada pelo projeto Tipos de Coimbra em janeiro de 2024.
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A palavra Feliz estava partida e foi refeita por um vidreiro usando métodos tradicionais, tendo-se recorrido a um crowdfunding para o seu arranjo. Esta foi a primeira peça dos Tipos de Coimbra a ser restaurada e exposta publicamente.
A peça tem a pátina naturalmente acumulada de quatro décadas de exposição às intempéries e à incerimoniosa passagem do tempo, sedimento do contexto urbano.
É um testemunho de uma época dourada da publicidade tridimensional, física e de escala, que usava o artifício da luz e da cor para potenciar o apelo de uma marca ou loja, e que povoava a imagem e o recorte da paisagem da cidade, em contraluz diurna ou presença nocturna luminosa, inescapável e indissociável do elemento urbano.
Com a passagem das décadas, estes letreiros publicitários foram sendo substituídos por novas peças, atestando a mudança de gosto, de materiais, a mudança do paradigma comercial, e a introdução de novas tecnologias.
A resiliência desta peça perante os elementos e a passagem dos anos, é um atestado da sua resistência, contrapondo-a à efemeridade da publicidade atual.
Para ajudar a conhecer o projeto, este letreiro irá ficar exposto no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) até julho.
A mostra tem ainda como objetivo mostrar e lançar campanha de angariação de fundos para o restauro de outra peça, o duplo letreiro publicitário em néon Confeitaria Conímbriga, que existiu dos anos 80 até ao ano de 2024 na zona da Bica da Cheira, uma secção nascente do bairro do Calhabé, sobre a Rua do Brasil, também famosamente conhecida como Estrada da Beira ou Nacional 17.

Esta dupla peça está muito degradada, com algumas letras em vidro partidas e pretende-se lançar campanha pública de recolha de contribuições financeiras para a restaurar, devolvendo-a ao seu estado original para usufruto da cidade.
Tipos de Coimbra é um projeto que pretende resgatar os letreiros e reclames publicitários ainda existentes na face da cidade de Coimbra, que estejam em risco de perda ou destruição, subtraindo-os das fachadas e preservando-os, em acervo dinâmico.
Vive na interseção de memória, história, arte e tecnologia, enquanto testemunho temporal de um genius loci e atemporal para a ressignificação de um sentido de pertença.
Enquanto projeto permanentemente em construção, com um espólio que cresce a cada resgate, o objetivo é também restaurar e expor os elementos reclamados das ruas.
O acervo conta atualmente com mais de 40 peças, espólio que apresenta elementos em vidro com néon, caixas de luz em acrílico, chapas metálicas e outros artefactos, que testemunham diversas épocas da imagem gráfica da cidade de Coimbra, enquanto pretendem fixar o elemento gráfico, tecnológico e tipográfico que já preencheu a paisagem urbana.
É pretensão última do projeto evoluir para uma estrutura museológica, também com o objetivo de promover exposições e publicações, de forma a dar a conhecer ao público as tecnologias e tipografia destes letreiros e reclames, fixando também as histórias das marcas, empresas e pessoas que residem nestes elementos gráficos.
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