Junior diz que “estava cego de ódio” e fala sobre a noite do crime no Avenue
Elisio Junior Souza Soares (Junior) acusado de matar Rudnilson Esmaiel Pereira Mendes Soares (Isma) junto a uma discoteca Avenue, em 2017, contestou hoje em tribunal a versão dos factos da principal testemunha do processo em que a acusação se baseia.
O caso remonta a 08 de janeiro de 2017, dia em que o jovem terá disparado 14 tiros contra um homem de 30 anos, Isma, tido como segurança informal no Avenue Club, depois de se ter gerado uma discussão seguida de agressão entre a sua namorada e a gerente da discoteca de Coimbra.
A acusação baseia-se, em parte, no testemunho do amigo do arguido, que conduziu o carro de onde o jovem terá disparado vários tiros na direção de Isma.
Depois de ouvidas várias testemunhas, inclusive o seu amigo Vitor Cruz, que falou em videoconferência a partir do Brasil, o arguido mostrou-se disposto a falar e a contar a sua versão dos factos.
Apesar de admitir que disparou contra Isma, o jovem sublinhou que o seu amigo Vitor instigou-o a disparar.
No início do depoimento, referiu que já havia um historial de conflito com a vítima, mas que eram águas passadas. Sabe-se que andaram à pancada no NB, discoteca integrad no mesmo grupo.
Naquela noite, depois da discussão entre a gerente Vânia Santos e a sua namorada Thais Abreu, decidiu ir-se embora do Avenue Club, mas, depois de pagar, reparou que já se estava a gerar confusão fora do espaço, onde a sua companheira terá desferido um murro com recurso a uma soqueira contra a responsável do espaço, referiu.
Depois de Isma ter retirado a soqueira à sua namorada, tentou evitar que esta se fosse embora e acabou também por puxar o arguido e dar-lhe “duas bofetadas”, alegou.
Posteriormente, foi para o carro do seu amigo, onde este lhe terá dito: “Bateu na tua mulher, já te bateu, já te ameaçou e vais deixar que isso fique assim?”.
Contrariamente ao que é dito na acusação, o arguido afirma que o amigo abriu o porta-luvas do carro, onde estaria uma pistola, e instigou-o a usá-la, sublinhando que nunca ameaçou o condutor. “Ele teria tido oportunidade de fugir”, caso quisesse, justifica.
Já na acusação, é referido que o arguido foi até à casa de um conhecido na Geria, para ir buscar uma arma, algo que a defesa contesta, alegando que num espaço de 15 minutos o jovem não teria tempo para ir à Geria e voltar (a estimativa do Google Maps para este percurso é de 36 minutos).
Depois, resume, perdeu a cabeça.
Alcoolizado e sob o efeito da cocaína, refere que estava “com raiva” de Isma e “farto das suas humilhações”.
Sobre ter disparado contra a namorada da vítima, que o tentou demover de disparar por uma segunda vez, o arguido referiu que não era sua intenção atingi-la no pé.
“Estava cego de ódio”, vincou, sublinhando por várias vezes que, em nenhum momento, ameaçou o seu amigo, que não foi constituído como arguido no processo: “Ele fugiu para o Brasil, porque tinha medo de ser julgado”.
Durante a manhã foi ouvida Vania Santos que deu a sua versão dos factos sobre a discussão co Thais Gomes.
A mãe de Junior entendeu não prestar declarações. Vive com outro arguido, Jorge acusado de ajudar o enteado a fugir.
As alegações finais decorrem a 11 de maio, às 14:00.
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